Datas: Paulo Tarso Flecha de Lima, Alberto Dualib e Plácido Loriggio
O embaixador, o presidente do Corinthians e o pioneiro da Editora Abril

Era outro tempo no mundo e especialmente no Brasil. Paulo Tarso Flecha de Lima foi embaixador em Londres (1990-1993), Washington (1993-1999) e Roma (1999-2001). Com delicadeza associada a firmeza, soube costurar acordos e manter o país em posição de relevância global. “Ao longo de sua carreira, dedicou-se ao ideal de que a política externa pode e deve contribuir para melhorar concretamente a inserção internacional do país e a vida de todos os brasileiros”, escreveu o Itamaraty em nota de condolência. Ao lado da mulher, Lúcia, Flecha de Lima construiu amizade com personagens ilustres, como o casal Bill Clinton e Hillary Clinton e a princesa Diana, de quem Lúcia, também já falecida, ficou íntima nos anos 1990. Ele morreu em 12 de julho, em decorrência de uma infecção urinária, aos 88 anos, em Brasília.
Cartola de altos e baixos

Presidente do Corinthians de 1993 a 2007, Alberto Dualib deixou um duplo legado. Esteve à frente do clube em um dos períodos mais vitoriosos de sua história, com três títulos brasileiros (1998, 1999 e 2005) e um mundial (2000), mas também em 2007, quando a equipe paulista caiu para a Série B do Brasileirão. Em 2008 se afastaria do cotidiano como dirigente, acusado pelo Ministério Público de desvio de dinheiro. Morreu em 13 de julho, aos 101 anos, em São Paulo.
O mestre das cores

A ciência já comprovou que os daltônicos, apesar das dificuldades em distinguir as nuances do verde, do azul e do vermelho, enxergam outras cores com excelência. O paulistano Plácido Loriggio fazia do daltonismo recurso inesperado para identificar como poucos as qualidades e os defeitos de impressões gráficas — ele via, nas revistas que ajudava a produzir, detalhes insuspeitos, que passavam ao largo do comum dos mortais. Formado em engenharia civil pela Escola Politécnica de São Paulo, foi o responsável pela montagem e qualidade do parque gráfico da Editora Abril, o maior da América Latina. Loriggio viajava pelo mundo para conhecer os equipamentos mais modernos e eficazes. A chegada de uma impressora Cerutti, em 1988 — “capaz de imprimir 50 000 cadernos de 56 páginas por hora”, conforme descreveu a Carta ao Leitor de VEJA —, foi tratada como troféu. “Para o leitor de VEJA, a nova rotativa significa melhor qualidade de impressão, a possibilidade de cores em praticamente todas as páginas da revista e, também, maior agilidade no conteúdo editorial, já que os notáveis ganhos a serem obtidos na velocidade da impressão vão estreitar o prazo hoje existente entra a entrada da edição em máquina e sua saída para a distribuição.” Firme nos controles orçamentários, e atento às condições de trabalho dos profissionais da indústria de publicações, Lorrigio trabalhou na Abril de 1973 a 1998. Foi sempre uma referência moral e de profissionalismo. Morreu em 9 de julho, em São Paulo, aos 89 anos, de insuficiência pulmonar.
Publicado em VEJA de 21 de julho de 2021, edição nº 2747