Datas: Johan Neeskens, Christopher Ciccone e Masamitsu Yoshioka
As despedidas que marcaram a semana
Como havia um outro Johan, o inigualável Cruyff, Johan Neeskens foi apelidado de “Johan II”. Merecia alcunha própria o coadjuvante que, em muitas partidas, brilhava mais do que o lendário parceiro, de elegância e visão de jogo equivalentes. O meio-campista era peça fundamental na engrenagem do Carrossel Holandês, que espantou o mundo na Copa de 1974, com permanente troca de posições entre os jogadores treinados por Rinus Michels. Foi de Neeskens o gol de pênalti, logo aos dois minutos de jogo, na final vencida pela Alemanha por 2 a 1. Em 1978, ele estava na equipe holandesa que perdeu a final para a Argentina, por 3 a 1. Fez 49 partidas pela Holanda, com dezessete gols. De mãos dadas com Cruyff, destacou-se no Ajax de Amsterdã e no Barcelona. Morreu em 6 de outubro, aos 73 anos, de causas não reveladas, na Argélia, onde participava de um projeto social.
Guerra fratricida
Nas redes sociais, ao comentar a morte do irmão, Christopher Ciccone, na sexta-feira 4, de câncer, aos 63 anos, Madonna resumiu a travessia fraterna: “Subimos juntos nas alturas e nos debatemos nos pontos mais baixos”. Designer, coreógrafo e dançarino, Christopher coreografou o videoclipe de estreia da futura estrela, Everybody, de 1982. Foi diretor artístico da turnê mundial Blond Ambition, de 1990, registrada no documentário musical Na Cama com Madonna (1991). Com o passar do tempo, contudo, a parceria desandou — em parte por brigas em torno de escolhas no palco, mas também por causa de dinheiro. Nos últimos anos, depois de guerra fratricida que ele definiu como um tempo de “abuso”, houve reconciliação.
Torpedo em PearL Harbor
Em 7 de dezembro de 1941, uma armada do Serviço Aéreo Imperial da Marinha Japonesa, com três dezenas de aeronaves e 770 tripulantes, atacou a base americana de Pearl Harbor, no Havaí. O presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, definiria a agressão como “o dia da infâmia”, e a partir daquela manhã os Estados Unidos entrariam com força total na Segunda Guerra Mundial. Havia, entre os nipônicos, um oficial de apenas 23 anos, Masamitsu Yoshioka. Como bombardeiro, ele lançou um torpedo que afundaria, por engano, o USS Utah, um encouraçado desarmado. Nos quase oitenta anos depois do conflito global, derrotado, Yoshioka costumava visitar um santuário em Tóquio — onde vivia com discrição — para homenagear os 64 colegas que perderam a vida no litoral havaiano. Todas as oito embarcações de guerra dos Estados Unidos foram danificadas, com 188 aviões destruídos. Houve 2 403 mortes de americanos. Yoshioka morreu em 28 de agosto, aos 106 anos, mas a notícia só foi revelada na semana passada.
Publicado em VEJA de 11 de outubro de 2024, edição nº 2914