Não haveria dúvida, e nunca haverá: aquelas figuras volumosas, rechonchudas mesmo, quase sempre em cenas coloridas, eram do pintor colombiano Fernando Botero, um Amedeo Modigliani (1884-1920) às avessas. Convém, contudo, não se enganar — embora gostasse também de pintar o mundano, as cenas cotidianas e banais de seu país natal, ele sabia que atravessar as dores do mundo levaria sua obra a patamares ainda mais altos. “A arte deve produzir prazer, uma certa tendência ao aspecto positivo da vida”, disse. “Mas sempre pintei coisas dramáticas, buscava a coerência e a estética, mas retratei a violência, a tortura e a Paixão de Cristo.” O interesse pelas curvas humanas, para muito além do que informa o senso comum — Botero pintava gordinhos —, deve ser traduzido como uma manifestação da sensualidade.
Estudioso, atento à história dos movimentos artísticos, gostava de reinterpretar obras-primas de pintores como Caravaggio, Ticiano e Van Gogh. Nascido em Medellín, começou a chamar a atenção, nos anos 1940, com ilustrações para o suplemento literário do jornal El Colombiano. Não demorou para ganhar popularidade, a ver seu trabalho em galerias e leilões — as telas a óleo, inicialmente, mas também as esculturas, que hoje se espalham por cidades como Nova York, Paris, Barcelona, Madri e Jerusalém. Era adorado por adultos e crianças. Convém lembrar que, já nos anos 1950, muito antes de Andy Warhol, ele foi tratado como um artista pop — aquela posição em que a fama, multiplicada, acaba por esconder as qualidades de um mestre. Botero morreu em 15 de setembro, em Mônaco, onde vivia, aos 91 anos.
No centro do powerpoint
O que seria das empresas e dos gurus de negócios sem um PowerPoint? O que seria do ex-procurador da República Deltan Dallagnol sem a mais famosa das apresentações gráficas da história do Brasil, aquela que levava catorze círculos ao nome de Lula, no centro do desenho? O programa, lançado em 1987 pela empresa californiana Forethought, foi rapidamente comprado pela Microsoft. Seu criador, Dennis Austin, logo se transformaria em uma estrela da tecnologia — embora nunca mais chegasse a inventar um produto tão bem-sucedido. Apesar de onipresente, o PowerPoint tem detratores. Jeff Bezos disse, depois de proibir o uso do recurso na Amazon, que havia tomado a “decisão mais inteligente” da trajetória da companhia. Steve Jobs, em frase citada na biografia escrita por Walter Isaacson, foi ainda mais claro: “As pessoas que sabem do que estão falando não precisam do PowerPoint”. O coautor do recurso, Robert Gaskins, retrucaria: “Não se trata de uma ferramenta mágica que melhora automaticamente o pensamento ou a escrita”. Austin morreu em 1º de setembro, de câncer no pulmão, aos 76 anos, mas a notícia só foi revelada na semana passada.
Publicado em VEJA de 22 de setembro de 2023, edição nº 2860
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