Conhecida e celebrada pela precisão e inteligência de seus comentários como jurada no quadro Dança dos Famosos, do programa Domingão do Faustão, a coreógrafa carioca Carlota Portella teve uma rica e bem-sucedida carreira profissional como professora e criadora de espetáculos. O mais famoso foi Vacilou Dançou, que também batizou sua companhia de dança, fundada em 1981. Ela se apresentou com o grupo até 2006, quando passou a se dedicar mais às atividades da escola The Jazz, que se tornaria um dos principais centros de bailarinos e futuros bailarinos do Rio de Janeiro. Com vasta e refinada formação na Europa — ela estudou na Ópera de Paris —, Carlota desenhou o elogiadíssimo show de abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio, antessala da Olimpíada de 2016. A apresentadora Fátima Bernardes, em suas redes sociais, resumiu a perda: “Por acreditar no que ela pregava, quem dança é mais feliz, voltei para as aulas em 2013”. A artista e educadora morreu em 31 de agosto, em Teresópolis, no estado do Rio de Janeiro, aos 74 anos, de causas não reveladas.
O drama na vida real
O ator americano de origem nigeriana Obi Ndefo ganhou destaque como o personagem Bodie Wells, da série adolescente Dawson’s Creek, a jornada de crescimento de um grupo de amigos. Em agosto de 2019, ele foi atropelado por um caminhão em um estacionamento em Los Angeles. Perdeu ambas as pernas — a direita no momento do impacto e a esquerda no hospital, amputada. Depois do acidente, Ndefo lançou uma campanha pela internet para arrecadar dinheiro para o seu tratamento. Conseguiu 300 000 dólares, montante que só seria divulgado em 1º de setembro, ao morrer, aos 51 anos. Nos últimos anos, afastado da televisão e do cinema, trabalhava como professor de ioga.
Uma irmã progressista
Convidada a dar as boas-vindas ao papa João Paulo II em sua visita inaugural aos Estados Unidos, em 1979, a freira católica Theresa Kane provocou algum constrangimento, em momento que ficaria marcado na história da religião entre os americanos, com ecos para o mundo. Calma e docemente, ela sugeriu ao pontífice que as portas das igrejas se abrissem para as mulheres, de modo que pudessem exercer os mesmos ofícios que os padres. O líder da Igreja ouviu com atenção, aquiesceu com um movimento de cabeça e, ao fim, chegou a abençoar a irmã, que se ajoelhou diante do Santo Padre. O pleito, contudo, nunca seria levado adiante — e ainda hoje as funções sacerdotais só podem ser realizadas por homens. Kane, que ao longo dos anos incrementaria suas posturas progressistas, em favor do direito ao aborto e das uniões homossexuais, morreu em 22 de agosto, aos 87 anos, em Watchung, no estado de Nova Jersey.
Publicado em VEJA de 6 de setembro de 2024, edição nº 2909