Datas: Bill Russell, João Paulo Diniz e Maria Fernanda
O multicampeão que emocionou o mundo, o empresário e a atriz
Antes de Michael Jordan e do Chicago Bulls. Antes mesmo de Pelé e da seleção canarinho, houve um outro multicampeão que fascinou o mundo em disputas coletivas: o pivô Bill Russell, dono de onze títulos em treze temporadas da NBA pelo Boston Celtics, a partir de 1956. Ao lado de Wilt Chamberlain, ele foi uma das primeiras grandes estrelas da modalidade. Desde 2009, o troféu de MVP — o melhor jogador — das finais da NBA leva o nome de Russell. Em sua carreira fez uma média de espetaculares 15 pontos por partida, mas se destacou realmente na defesa, com média de 22 rebotes. Seu tipo de jogo mudou para sempre os fundamentos na retaguarda no basquete, com atenção permanente na trajetória da bola, mais do que no movimento dos atletas.
Russell foi grande dentro e fora das quadras — como o pugilista Muhammad Ali, sempre se postou contra o racismo nos Estados Unidos. Em 1966, depois de pendurar os tênis, começou a trabalhar como treinador — o primeiro negro na NBA. Deu esse passo em um momento turbulento da sociedade. Na primeira entrevista para a imprensa, um dos jornalistas fez a pergunta que todos esperavam: “Consegue treinar brancos sem preconceito?”. A resposta, esclarecedora como um panfleto, ecoaria anos depois: “Não lembro de ninguém ter perguntado a um técnico branco se ele poderia treinar negros sem preconceito”. Russell morreu em 31 de julho, aos 88 anos, em Mercer Island, no estado de Washington, de causas não reveladas pela família.
O amor pelo esporte
O empresário João Paulo Diniz, filho de Abilio Diniz, tinha especial fascínio pelo esporte, especialmente as provas de resistência, a exemplo das maratonas e ultramaratonas. Foi um dos idealizadores da Maratona de Revezamento Pão de Açúcar, marco histórico desse tipo de corrida no Brasil. Era ele quem incentivava o grupo da família a colocar dinheiro em modalidades olímpicas. No fim dos anos 1990, contudo, ele foi diagnosticado com uma hipertrofia do miocárdio, doença congênita no coração que costuma acometer atletas. Diminuiu a toada, mas nunca abandonou totalmente as pistas e academias. João Paulo morreu no domingo, 31, aos 58, depois de sofrer um mal súbito em sua casa no condomínio de Laranjeiras, próximo a Paraty, no Rio de Janeiro. Em 2001, ele sobrevivera a uma queda de helicóptero na praia de Maresias, no Litoral Norte de São Paulo. Na tragédia, morreram sua então namorada, a modelo Fernanda Vogel, e o piloto. João Paulo e o copiloto sobreviveram ao nadar 2 quilômetros do ponto do acidente até a praia.
Rainha da versatilidade
Filha da poetisa Cecília Meireles, Maria Fernanda brilhou nos palcos de teatro e nas telas de televisão e cinema com inigualável variedade de personagens. Foi a Ofélia de Hamlet e a Blanche DuBois de Um Bonde Chamado Desejo. Trabalhou nas novelas Gabriela e Pai Herói. No longa Carlota Joaquina, Princesa do Brazil, interpretou a rainha Dona Maria, a Louca. Durante a ditadura militar, ele se destacou por liderar os artistas contra a censura e chegou a ser presa. Morreu aos 96 anos, em 30 de julho, no Rio, de infecção bacteriana no pulmão.
Publicado em VEJA de 10 de agosto de 2022, edição nº 2801