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Danças de zouk, aulas de russo e brigas no exterior: quem é Eduardo Fauzi

Polícia tenta a extradição pela Rússia de um dos suspeitos do ataque ao Porta dos Fundos – ele já socou secretário e apareceu em investigação sobre milícias

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jan 2020, 04h32 - Publicado em 3 jan 2020, 20h02

O empresário Eduardo Fauzi, de 41 anos, foi o único dos cinco suspeitos que não usava capuz na hora do ataque com coquetéis molotov à produtora do canal humorístico Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, na madrugada do dia 24 de dezembro. Segundo a Polícia Civil, ele foi identificado por meio de câmeras de segurança da rua pegando um táxi. Desde então, os investigadores tentam levantar detalhes da vida do empresário formado em economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, morador de um apartamento na Barra da Tijuca avaliado em 1,5 milhão de reais, ligado a grupos integralistas (de direita) e um visitante assíduo da Rússia, para onde embarcou um dia antes de ter a prisão decretada no Brasil. A cada dia, surge um fato novo sobre suas atividades e pensamentos.

Ao pesquisar a sua ficha criminal, a Polícia Civil constatou que Fauzi tem um histórico longo de hostilidades. São cerca de 20 registros por agressão, lesão corporal, desacato, extorsão e por crimes previstos na Lei Maria da Penha. Os investigadores suspeitam que ele comandava com mãos de ferro uma rede de estacionamentos irregulares no centro do Rio, fazendo ameaças a adversários que disputavam com ele o controle de ruas e vagas. A sua família também é dona de postos de gasolina e atua na venda e compra de imóveis. Em entrevistas passadas, Fauzi se proclamava presidente de uma Associação de Guardadores de Veículos, representante de camelôs e ambulantes e um ex-militante de movimentos estudantis. Ele também aparece em um inquérito aberto em 2011 que apura a atuação de milícias que controlam estacionamentos ilegais no Rio.

O histórico de violência não para por aí. Ele já foi preso por socar o rosto de um secretário municipal do Rio e por envolvimento em atos de black blocs (mascarados ou encapuzados que praticam atos durante protestos) em 2013 – por este último episódio, chegou a receber a solidariedade da ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, uma das líderes das manifestações daquele ano.

A polícia também descobriu que ele já teria se envolvido em brigas de bar na Rússia. Aliás, o país é um destino frequente de Fauzi – só no ano passado, ele foi três vezes para lá. Familiares confirmaram aos investigadores que ele tem uma namorada russa, com quem teve um filho. A polícia também encontrou em sua casa livros sobre o premiê Vladimir Putin e anotações em russo, que mostram que ele estava tentando aprender a língua. Além disso, foram encontrados cerca de 119.000 reais e 140 euros em espécie, simulacros de armas de foco e facas de artes marciais.

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Kung fu e Jiu-jitsu não eram os únicos hobbies do empresário. Ele também pratica a dança zouk, um ritmo caribenho que já o levou a fazer apresentações fora do país e a conhecer mulheres estrangeiras, entre elas a sua namorada, segundo informações da Polícia Civil – nas redes sociais, há diversos vídeos dele, de camisa florida aberta, exibindo o seu talento como dançarino.

Em relação a suas crenças, a polícia ainda tem algumas dúvidas. Familiares o descreveram como alguém extremamente religioso. Em sua casa, foram encontrados livros sobre cristianismo e islamismo e sobre a filosofia de autores tanto da extrema esquerda quanto da extrema direita. Em um vídeo divulgado na quarta-feira, Fauzi não falou sobre as suspeitas que pesam contra ele, mas atacou os integrantes do Porta dos Fundos chamando-os de “intolerantes”. Na sua cabeça, os humoristas cometeram um “crime de lesa pátria” por terem “escarnecido” da imagem de Jesus Cristo. O filme veiculado na Netflix, que despertou a indignação de religiosos e de políticos conservadores, retrata Jesus como homossexual e amante de Satanás.

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No fim do vídeo, o empresário pede orações aos brasileiros e diz: “Por Deus, pela pátria e pela família brasileira. Anauê”. Esta saudação era comumente usada pelo movimento integralista, grupo político de orientação fascista criado durante a década de 1930 que pregava o nacionalismo e os valores católicos e se via como uma “terceira via” ao liberalismo e ao comunismo. Filiado desde 2001 ao PSL, Fauzi não se considera nem de direita nem de esquerda, conforme suas palestras publicadas no YouTube.

Considerado foragido da Justiça brasileira, Fauzi tem passagem de volta comprada para o dia 29 de janeiro. Se ele vai voltar ou não, isso é outra história. A Polícia Civil do Rio de Janeiro corre contra o tempo para incluir o seu nome na lista vermelha da Interpol (polícia internacional) e para conseguir a sua extradição ao Brasil – o processo ainda depende do aval do Ministério da Justiça e do Judiciário.

Mais, no entanto, do que descobrir informações sobre a vida pessoal de Fauzi, os investigadores estão atrás de pistas dos quatro suspeitos que jogaram as bombas caseiras no prédio do Porta dos Fundos e que estavam encapuzados na hora do ataque.

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