Circunstâncias exatas do acidente com voo Rio-Paris serão reveladas na sexta

O Escritório de Investigações e Análises (BEA), órgão oficial encarregado das investigações do acidente com o voo Rio-Paris, que em junho de 2009 caiu no Atlântico com 228 pessoas a bordo, revelará nesta sexta-feira as circunstâncias exatas do acidente.
O terceiro relatório divulgado pelo BEA sobre as investigações da tragédia do Airbus A330 da Air France, que no dia 1º de junho de 2009 caiu no oceano quando se dirigia a Paris, apresentará as “circunstâncias exatas do acidente”, indicaram fontes do BEA.
Também dará conta dos “primeiros pontos de análises e novos fatos estabelecidos” após a análise dos dados contidos nas duas caixas pretas.
A análise das caixas pretas já permitiu reconstituir os últimos instantes de voo, mas as causas exatas do acidente ainda são desconhecidas.
Até agora, o BEA considera que um defeito nas sondas de velocidade (sensores) Pitot foi um dos fatores do acidente, mas sempre afirmou que a explicação definitiva só poderia ser conhecida quando fossem recuperadas as caixas pretas.
Segundo as autoridades, o mau funcionamento das sondas não explica por si só o acidente.
As duas caixas pretas – que registram os parâmetros de voo e as conversas na cabine dos pilotos – foram trazidas à superfície no início de maio, depois de passar 23 meses a 3.900 metros de profundidade no Oceano Atlântico.
Na véspera da divulgação deste novo relatório, a associação “Entraide et Solidarité AF447” (Ajuda mútua e Solidariedade), considera “inaceitável” acusar os pilotos do voo e espera que o informe permita compreender suas reações antes do acidente, explicou à AFP o presidente da entidade, Robert Soulas.
“Esperamos um novo segmento no caminho da verdade (…). Queremos precisões técnicas sobre os últimos três minutos do voo para termos uma ideia sobre as reações dos pilotos”, indicou.
No dia 27 de maio, o BEA divulgou um informe, mas, segundo Soulas, a informação contida era “muito pequena”
“Com base na informação divulgada, pensamos que as acusações contra os pilotos são inaceitáveis. Os pilotos já não estão para se defender e é fácil acusá-los”, sustentou.
“Se devem ser acusados, são necessárias provas tangíveis”, disse Soulas, cuja entidade representa as famílias de 60 vítimas.
Soulas afirmou que a recuperação dos corpos no fundo do mar foi concluída e “em outubro são esperados os primeiros resultados sobre sua identificação”.
Cinquenta corpos foram recuperados logo após o acidente. Outros 104 cadáveres chegaram à França em meados de junho.
Entre as vítimas, de 32 nacionalidades, figuram 72 franceses e 59 brasileiros.
Após o acidente, a justiça francesa abriu uma investigação judicial na qual o construtor aeronáutico europeu Airbus e a Air France foram acusados em março por homicídio culposo.
Em 2009, familiares das vítimas apresentaram uma ação diante da justiça francesa para que investigue o acidente.