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Chegada de Marcola muda perfil de membros do PCC na capital do país

Até então, integrantes da facção presentes na capital tinham baixo poder de decisão e não mantinham proximidade com a cúpula

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 12h42 - Publicado em 2 mar 2024, 18h00

Uma reportagem de VEJA mostrou que autoridades passaram a conviver sob um forte aparato de segurança após receberem o alerta de que o Primeiro Comando da Capital, o PCC, estava planejando um ataque em Brasília.

A mudança de comportamento se deu após a constatação de que integrantes da chamada célula “Restrita” da facção criminosa desembarcaram em Brasília no ano passado e alugaram uma casa. Eles também fizeram pesquisas sobre residências oficiais e rodaram a cidade em carros de aplicativos.

O grupo é diretamente vinculado ao líder Marcos Camacho, o Marcola, e se notabilizou por levar a cabo as missões mais espinhosas ditadas por ele. Investigações constataram que a tarefa do momento é tirar o chefe da Penitenciária Federal de Brasília, onde voltou a cumprir pena em janeiro de 2023. Um dos caminhos para viabilizar a fuga ou a transferência de Marcola seria justamente praticando o sequestro de alguma autoridade.

A chegada do grupo Restrita, uma consequência direta da presença de Marcola, altera a atuação do PCC na capital do país. Até então, os criminosos presentes no Distrito Federal não mantinham esse vínculo direto com a cúpula da facção, não tinham poder de decisão e tampouco recebiam missões específicas – ou seja, eram “apenas” traficantes.

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De acordo com o Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) da Polícia Civil do DF, dados mais recentes apontam que ao longo de 13 operações realizadas entre 2014 e 2022 foram presos 405 membros do PCC – todos eles relacionados ao tráfico de drogas. Desse total, cerca de 150 faccionados ainda cumprem pena no presídio distrital.

Perfil do PCC no Distrito Federal                                         

Além disso, diferentemente de outros estados, a facção criminosa não mantém o domínio do tráfico em nenhuma das regiões do Distrito Federal e não representa a fatia mais expressiva da venda de drogas. Tanto que não é cobrada a “cebola”, código usado pelo grupo para se referir a uma contribuição mensal normalmente exigida para integrar a facção e obter algumas vantagens do grupo. Assim, quem quiser integrar o PCC fica “isento”.

“A gente entende que vem conseguindo controlar a célula do PCC no Distrito Federal. Eles não se estabilizaram. Fazemos investigações constantes e, quando a célula começa a crescer, deflagramos operações e prendemos”, afirma Leonardo de Castro Cardoso, diretor do Decor.

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Do total de faccionados do PCC já presos em operações da polícia do Distrito Federal, apenas cerca de 10% integravam algum cargo mais alto dentro da facção. Nesses casos, porém, eles não atuavam em Brasília – ou estavam de passagem ou foragidos na capital.

Em anos anteriores, casas alugadas pelo PCC foram investigadas para se averiguar se estava sendo montada uma espécie de base para a chegada de outros membros. Nesses casos, porém, foi constatado que o aluguel era, em sua maioria, feito para receber parentes que vinham fazer visitas.

Até então, o grupo criminoso que dava mais dor de cabeça é o “Comboio do Cão”, que tem o domínio do tráfico do DF e entorno. A chegada do “Restrita” do PCC, porém, mudou o panorama da criminalidade da capital.

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