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Chefe da Abin se envolveu em votação da PEC Emergencial na Câmara

Diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, criou rusgas no governo após pedir ajuda de Bolsonaro para mudar texto da proposta

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 mar 2021, 12h15

A função precípua do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é assessorar o presidente da República em assuntos estratégicos para o país como uma ameaça de um atentado terrorista ou os riscos de greves. Esse deveria ser o papel desempenhado pelo delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem, responsável por comandar o serviço secreto do governo. No entanto, o chefe da Abin foi além da sua atribuição — e atuou como lobista para preservar as carreiras policiais na proposta de emenda constitucional (PEC) Emergencial.

Antes da votação na Câmara dos deputados, Ramagem alertou Bolsonaro que as proibições de reajuste salarial dos policiais e de progressão da carreira em caso de calamidade pública teriam um efeito danoso não só na segurança pública como também na imagem do próprio presidente. O chefe da Abin, que ainda mantém relações estreitas com a Polícia Federal, insistiu para Bolsonaro interferir no texto da PEC Emergencial. Para reforçar esse lobby, Ramagem contou com o apoio do líder do PSL na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), aliado fiel de Bolsonaro.

O presidente até que tentou ajudar os policiais, conforme rogou Ramagem. Mas, aos 47 minutos do segundo tempo, só foi possível preservar na PEC a promoção ou a progressão funcional de integrantes da categoria e outros servidores públicos. Apesar disso, a turma da segurança pública ficou insatisfeita – e, se sentindo traída por Bolsonaro, está organizando uma manifestação em Brasília para os próximos dias.

Membros da equipe econômica e articuladores políticos do governo também ficaram indignados, sobretudo com a atuação política de Ramagem. A fatura dessa manobra será debitada nos cofres públicos e é estimada em 1,5 bilhão de reais.

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