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Caso Marielle: Ronnie Lessa afirma que matou vereadora por ‘ganância’

Em depoimento ao STF, assassino confesso reafirma que foi contratado pelos irmãos Brazão e a participação de ex-chefe da Polícia Civil no crime

Por Ludmilla de Lima, Sofia Cerqueira Atualizado em 28 ago 2024, 12h20 - Publicado em 27 ago 2024, 19h32

Em audiência virtual no Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta terça-feira, 27, Ronnie Lessa, o assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, afirmou que cometeu o crime por “ganância”. No mesmo depoimento, o ex-PM, que firmou delação premiada, chamou a decisão de cometer o assassinato de “asneira”. Mais uma vez, disse que foi contratado pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, presos desde março e, respectivamente, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) e deputado federal (sem partido).

A promessa de recompensa era a exploração de terrenos na região da Zona Oeste carioca, que poderia lhe render 25 milhões de reais. “Aquilo ali me deixou impactado, me deixei levar ali. Foi ganância, me deixei levar. Eu nem precisava, realmente. Eu estava numa fase muito tranquila da minha vida. Minha vida já pronta, e eu caí nessa asneira. Foi ganância mesmo. Uma ilusão danada que eu caí”, disse Lessa, preso desde 2019.

Advogado do ex-PM, Saulo Carvalho, logo no início da sessão, pediu aos outros réus que deixassem a videoconferência, ficando apenas os representantes das defesas. O juiz Airton Vieira, auxiliar do STF e que presidia a audiência, concordou com o pedido. O argumento do assassino foi a “alta periculosidade” dos envolvidos. “Havia um pacto de silêncio, e gostaria que isso fosse respeitado. É tudo muito delicado. Não estamos lidando com pessoas comuns. São pessoas de alta periculosidade, assim como eu fui. São muito perigosos (os réus), mais do que se possa imaginar”, declarou o ex-PM.

Não puderam assistir à audiência virtual os irmãos Brazão; Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio; Ronald Paulo Alves Pereira, major da PM; e Robson Calixto Fonseca, o Peixe, PM e assessor de Brazão no TCE.

Lessa ainda afirmou nesta terça que em 2012 tiveram início as pesquisas sobre políticos do PSOL no Rio. Marielle e Anderson foram mortos no dia 14 de março de 2018. Quem repassava as solicitações de levantamento era o PM Edmilson de Oliveira. “A Marielle teve a infelicidade de aparecer negativamente para ele. Parecia que eles queriam dar uma pancada no PSOL”, disse Lessa, que reafirmou o envolvimento de Rivaldo Barbosa no planejamento do assassinato. O ex-chefe da Polícia Civil, segundo ele, sabia da execução da vereadora e garantiria a impunidade do crime.

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