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Caso Marielle: gravações mostram conversas entre vereador e milicianos

Nos telefonemas, Marcello Siciliano trata miliciano como "irmão"; em nota, ele "reafirma" que não tem envolvimento com a milícia

Por Da redação
Atualizado em 14 Maio 2018, 21h37 - Publicado em 13 Maio 2018, 22h50

O vereador Marcello Siciliano (PHS), indicado por uma testemunha como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, teve pelo menos duas conversas telefônicas com supostos milicianos captadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os áudios foram divulgados neste domingo pelo programa Fantástico, da Rede Globo.

Em uma das conversas, o parlamentar chama um suposto miliciano de “irmão”. Este pede para que o vereador acione o 31º Batalhão da Polícia Militar, no bairro do Recreio, Zona Oeste do Rio de Janeiro, para que faça uma blitz e pegue um bandido que teria matado um “amigo” dos milicianos. “Vou mandar botar agora. Na volta eu passo aí. Beijo”, responde Siciliano, despedindo-se com a frase “te amo, irmão”.

No outro telefonema, o vereador pede ajuda para tocar um projeto em uma área dominada pela milícia, segundo as investigações. “O garoto ia começar a fazer o projeto lá hoje, aí o rapaz falou: ‘Não, não vai fazer nada, não”. O miliciano responde que ele poderia ir; e Siciliano, então, pergunta: “Eu posso ir atrás lá da pessoa pra resolver no teu nome”.

Em nota, o vereador, que já tinha classificado as declarações da testemunha como “factoides”, reafirmou que “nunca teve envolvimento com milícia”. “Conforme noticiado pela imprensa, ele já foi investigado em inquérito realizado pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e não foi indiciado, nem denunciado pelo Ministério Público”, afirmou. Ele também se colocou à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e disse “confiar no trabalho de todos os envolvido pra desvendar esse crime bárbaro, no qual, de forma covarde e absurda, um criminoso tenta envolver o seu nome”.

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A testemunha, que não teve o nome divulgado, diz ser policial militar e miliciano, e que resolveu procurar a polícia depois de ter sido ameaçada de morte pelos supostos mandantes do crime. Segundo o delator, haviam quatro pessoas no carro que interceptou o automóvel onde estava Marielle e o motorista Anderson Pedro Gomes, mortos a tiros no dia 14 de março no centro do Rio de Janeiro – um policial militar da ativa, um ex-PM e dois milicianos.

O delator também apontou o ex-chefe de uma milícia na Zona Oeste do Rio Orlando Oliveira de Araújo, mais conhecido como Orlando Cucirica, como mandante do crime junto com o vereador. Ele está preso em Bangu desde outubro do ano passado, acusado de comandar confrontos relacionados às milícias, o que envolveria cobrança de taxa a comerciantes e até assassinatos.

A defesa de Cucirica diz que a testemunha não tem credibilidade por ser um rival do seu cliente. Ao Fantástico, o advogado de Cucirica, Renato Darlan, ainda afirmou que o delegado titular de Homicídios, Giniton Lages, tentou convencer o miliciano a confessar o envolvimento no crime, ameaçando-o de lhe imputar mais dois homicídios. A polícia confirmou que Lages esteve no presídio para pegar o depoimento de Cucirica, mas não quis comentar as acusações.

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Confira abaixo a transcrição das conversas divulgadas pelo Fantástico:

1º tefonema:

Miliciano: Fala irmão

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Siciliano: Fala irmão

Miliciano: Uns bandidos lá mataram um amigo nosso. Você podia dar um toque no pessoal do 31 pra ficar de olho. Se botar uma blitz ali, vai pegar.

Siciliano: Vou mandar botar agora. Na volta eu passo aí. Beijo.”

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Miliciano: Tá bom. Beijo. Fica com Deus.

Siciliano: Te amo, irmão.

2º Telefonema:

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Siciliano: O garoto ia começar a fazer o projeto lá hoje. Aí o rapaz falou: ‘Não. Não vai fazer nada, não.

Miliciano: Não, pode ir.

Siciliano: Eu posso ir atrás lá da pessoa pra resolver no teu nome?

Miliciano: Pode. Vou te mandar o telefone aqui.

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