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Carta ao Leitor: Um drama persistente

A intensidade da seca observada ao longo desta década é um alerta claro da natureza sobre a necessidade de proteger o cerrado e a Amazônia

Por Da Redação 6 ago 2021, 06h00
ARIDEZ - Jana Sampaio e Alex Ferro (no alto) foram ao cerrado de Minas Gerais; Egberto Nogueira e Ricardo Ferraz estiveram no oeste do estado de São Paulo: as equipes de VEJA veem de perto a pior seca registrada em 111 anos -
ARIDEZ - Jana Sampaio e Alex Ferro (no alto) foram ao cerrado de Minas Gerais; Egberto Nogueira e Ricardo Ferraz estiveram no oeste do estado de São Paulo: as equipes de VEJA veem de perto a pior seca registrada em 111 anos – (Alex Ferro; Egberto Nogueira/Ímãfotogaleria/.)

“Um dia… Sim, quando as secas desaparecessem e tudo andasse direito… Seria que as secas iriam desaparecer e tudo andar certo? Não sabia.” Em Vidas Secas, o seminal romance de Graciliano Ramos de 1938, cuja beleza melancólica está intrincada no inconsciente coletivo brasileiro, o chão rachado, os caminhos feitos de espinhos e seixos e o inclemente sol a pino iluminavam uma tragédia brasileira de séculos. Agora em 2021, o país vive uma nova e severa estiagem. Cerca de 40% do território nacional está árido. Em sete estados (Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo e Rio Grande do Sul), 100% da área atravessa período de secura. Outros três estados (Ceará, Goiás e Paraná) chegam a 99% de terreno esturricado. O tamanho do estrago: o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais e o Ministério de Minas e Energia dizem ser a pior seca da série histórica (fenômeno que começou a ser medido em 1910), dos últimos 111 anos.

A secura deve ser atenuada a partir de novembro, quando começa a temporada de chuvas. No entanto, a intensidade do fenômeno observada ao longo desta década é um alerta claro da natureza sobre a necessidade de proteger o cerrado e a Amazônia. Os dois biomas são responsáveis pela regulação do clima no país, enviando, por meio de correntes atmosféricas, canais de umidade que garantem chuvas frequentes e abundantes. Se a seca persistir, porém, haverá efeitos diretos sobre a economia, com novos aumentos de luz e provável redução do crescimento do PIB. Tudo indica que o racionamento energético, fantasma da crise de 2001, está descartado, já que o país investiu na construção de termelétricas — e elas são capazes, ao menos momentaneamente, de diminuir a pressão de uma matriz energética que depende 60% das hidrelétricas. Contudo, os sistemas de abastecimento de água, já bastante ressecados, podem colapsar. Complexo, o cenário já é observado em Curitiba e em boa parte do interior de São Paulo, que estão sob rodízio ou racionamento de água desde março de 2020.

Para acompanhar de perto o atávico drama, VEJA enviou duas duplas de jornalistas a campo. A repórter Jana Sampaio e o repórter fotográfico Alex Ferro visitaram o cerrado de Minas Gerais, de cafezais arrasados. O repórter Ricardo Ferraz e o repórter fotográfico Egberto Nogueira estiveram no oeste do estado de São Paulo — ali, as usinas de Marimbondo e Água Vermelha estão entre as mais afetadas pela seca, com o volume de água nos reservatórios atingindo níveis alarmantes, abaixo de 15%. A minuciosa reportagem, que começa na página 26, ajuda a entender a situação atual, suas implicações sociais e ambientais. Mas serve também de guia para o que o governo deveria fazer de modo a atenuar o desastre ambiental e a possibilidade de escassez de energia (tudo de que o Brasil menos precisa em um momento no qual começamos, com vacinação e cuidados de distanciamento, o início de uma retomada pós-coronavírus).

Publicado em VEJA de 11 de agosto de 2021, edição nº 2750

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