Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: Licença para destruir

Corre o risco de virar cinzas a pretensão do Brasil de se tornar um líder mundial em preservação, conforme tenta vender no exterior o presidente Lula

Por Da Redação Atualizado em 30 set 2024, 15h09 - Publicado em 27 set 2024, 06h00

A cena se repete no país a cada novo desastre ambiental relacionado à destruição de nossos biomas mais preciosos: em meio à calamidade, autoridades tentam mostrar serviço, visitando localidades atingidas e prometendo novas medidas de prevenção e ações duras contra os infratores pegos em flagrante. Infelizmente, há muita fumaça e poucos resultados práticos nesse tipo de mobilização. O histórico lamentável não impede que as promessas de atitudes mais efetivas sejam renovadas diante da comoção provocada pelas perdas quase irrecuperáveis, conforme faz agora o atual governo federal. As medidas anunciadas nos últimos dias sugerem que será tudo diferente em relação ao recorde de queimadas deste ano no país. Será?

Até o momento, mais de 200 000 focos de incêndio foram registrados em 2024. Os casos considerados criminosos geraram aproximadamente 1,4 bilhão de reais em multas aplicadas pelo Ibama. A tragédia brasileira ocorre quando a cobrança dessas infrações entra nas engrenagens da burocracia estatal e da Justiça. Ao final, somente uma parte ínfima das punições aos responsáveis permanece de pé. Segundo o TCU, casos que deveriam ser julgados em um ano se arrastam por seis. Em boa parte das vezes, os processos simplesmente caducam sem que o mérito deles tenha sido discutido nos tribunais, graças a manobras e recursos utilizados com a finalidade de obter a prescrição da pena.

O resultado: das 56 900 multas aplicadas nos últimos cinco anos para crimes ambientais, menos de 10% foram efetivamente pagas. Desse total, mais de 9 000 infrações, somando 2,4 bilhões de reais, correm o risco de prescrever até 2026. Com isso, vigora por aqui uma espécie de licença para destruir, que não poupa nem a maior riqueza natural do país, a Amazônia. Em 31 de julho de 2020, a reportagem de capa de VEJA listou os dez maiores desmatadores da floresta, com multas que variavam de 9 milhões a 50 milhões de reais. Nove deles ainda não pagaram seus débitos e continuam recorrendo das autuações.

Diante desses números, corre o risco de virar cinzas a pretensão do Brasil de se tornar um líder mundial em preservação, conforme tenta vender em suas andanças pelo exterior o presidente Lula, sendo que a Assembleia Geral da ONU foi o palco mais recente desse tipo de discurso. Na reportagem da semana, uma equipe comandada pelo editor José Benedito da Silva analisa os desafios para enquadrar na Justiça os criminosos e mostra possíveis soluções para punir de forma rápida e exemplar quem destrói o meio ambiente. Acabar com a fogueira da impunidade precisa ser uma das prioridades do país.

Publicado em VEJA de 27 de setembro de 2024, edição nº 2912

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.