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Cabral vira réu por corrupção, lavagem e formação de quadrilha

Ex-governador do Rio está preso pela Operação Calicute. Além dele, outras doze pessoas também serão julgadas, entre elas a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 dez 2016, 19h31 - Publicado em 6 dez 2016, 16h20

O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal e colocou no banco dos réus o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, a mulher dele, Adriana Ancelmo, e outras onze pessoas acusadas de participação no esquema de corrupção que teria desviado 224 milhões de reais de contratos públicos do estado. Preso pela Operação Calicute, desmembramento da Operação Lava Jato deflagrado em novembro, Cabral virou réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e pertinência a organização criminosa.

Além de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, que foi presa preventivamente hoje, viraram réus os ex-secretários estaduais Wilson Carlos (Governo) e Hudson Braga (Obras), os operadores financeiros Carlos Miranda, Carlos Bezerra, José Orlando Rabelo, Luiz Paulo Reis e Paulo Fernando Magalhães Pinto, os ex-assessores de Cabral Wagner Jordão e Pedro Ramos, e os empresários Carlos Jardim Borges, dono do resort Portobello, em Mangaratiba (RJ), e Luís Alexandre Igayara, dono da Rica Alimentos.

“Os esquemas de cartelização mediante o pagamento de propinas iniciaram-se a partir do momento em que Sérgio Cabral assumiu em 2007 o cargo de Governador do Estado do Rio de Janeiro. Em tais esquemas, há evidências de que foram englobadas praticamente todas as grandes obras públicas de construção civil realizadas pelo ente público, algumas delas custeadas com recursos federais”, afirmam os procuradores do MPF na denúncia aceita por Bretas.

Apontado pelo Ministério Público Federal como líder da organização criminosa, Sérgio Cabral é acusado 49 vezes pelo crime de corrupção passiva e 166 vezes por lavagem de dinheiro. Segundo ex-executivos das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, cujas delações premiadas foram o ponto de partida das investigações da Calicute, o ex-governador do Rio cobrava em propina 5% dos valores das obras do governo do estado durante sua gestão.

Aos aliados de Cabral cabia 1% em propina sobre os contratos, valor batizado pelo ex-secretário Hudson Braga como “taxa de oxigênio”.

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Conforme os delatores, Sérgio Cabral e seu grupo receberam propina na reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, o Arco Metropolitano no Rio e a urbanização de comunidades cariocas no PAC das Favelas, bancado por recursos do governo federal.

Os investigadores da Calicute acreditam que Cabral lavou o dinheiro recebido em propina de duas maneiras, sobretudo: a compra de joias em joalherias de luxo e contratos fictícios do escritório de advocacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, o Ancelmo Advogados.

De acordo com o MPF, a Rica Alimentos, de Luís Igayara, pagou propina de 2,4 milhões de reais a Cabral disfarçada de contrato advocatício com o escritório de Adriana. O Portobello Resort, de Carlos Borges, teria feito o mesmo, ao pagar 2,5 milhões de reais ao Ancelmo Advogados.

Conforme revelou VEJA em agosto de 2013, concessionárias de serviços públicos também contrataram a peso de ouro o escritório de “Riqueza”, apelido pelo qual Cabral chama a esposa. É o caso do Metrô Rio, que repassou 1,9 milhão de reais ao escritório, da CEG, que desembolsou 865.653 reais, da Oi/Telemar, que pagou 10,5 milhões de reais, e da Light, que fez pagamentos de 3,5 milhões de reais ao Ancelmo Advogados.

Na denúncia aceita por Marcelo Bretas, o Ministério Público Federal afirma que Cabral, Adriana Ancelmo e os operadores Carlos Miranda, Carlos Bezerra e Pedro Ramos “ocultaram e dissimularam a origem, natureza, localização, movimentação e disposição sobre valores de pelo menos R$ 6.562.270,00 com a aquisição de joias de altíssimo valor de mercado”.

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O ex-governador era cliente assíduo de três das joalherias mais badaladas do Rio, como a H. Stern, que entregou à Polícia Federal notas fiscais de Cabral no valor de 1,3 milhão de reais, e a Antônio Bernardo, que enumerou 460 itens comprados pelo peemedebista, avaliados em 5,7 milhões de reais.

Lancha e sala comercial

Além da compra de joias de luxo e contratos do escritório Ancelmo Advogados, o Ministério Público Federal incluiu na acusação contra Sérgio Cabral a lavagem de dinheiro por meio de uma lancha e do aluguel de uma sala comercial no Leblon, Zona Sul do Rio, onde funcionava uma empresa de consultoria do ex-governador.

Tanto a lancha quanto a sala mostram, de acordo com os procuradores, a atuação do ex-assessor de Cabral Paulo Magalhães Pinto como “laranja” do ex-governador.

Avaliada em 5,3 milhões de reais e frequentemente usada por Cabral e sua família, a lancha Manhattan está registrada em nome da MPG Participações, da qual Magalhães Pinto é sócio. De acordo com o MPF, o peemedebista é o verdadeiro dono da embarcação.

A sala comercial, cujo aluguel acumulado em um ano chegaria a 1 milhão de reais, valor jamais pago pelo ex-governador, também pertence ao ex-assessor de Sérgio Cabral.

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