Bolsonaro trata alterações no fígado e continua com alimentação restrita, diz boletim
Ex-presidente não tem movimentos intestinais espontâneos, o que impede início de dieta via oral; não há previsão de alta da UTI

O ex-presidente Jair Bolsonaro continua em tratamento para alterações apontadas em exames laboratoriais realizados no fígado e deve permanecer em alimentação parenteral (pela veia) de forma exclusiva, segundo boletim médico divulgado neste sábado, 26. Isso porque ele apresenta sinais de retardo do esvaziamento do estômago, conhecido como gastroparesia, e está sem movimentos intestinais espontâneos, “o que impede momentaneamente a alimentação por via oral ou pela sonda gástrica”.
O novo boletim informa que Bolsonaro “segue o tratamento para controle das alterações dos exames laboratoriais do fígado, que encontra-se em recuperação”. Ele não apresenta febre nem alterações da pressão arterial.
Na dieta endovenosa, ele recebe o suporte calórico e nutricional adequado para a recuperação e manutenção da saúde. Medidas de prevenção de trombose venosa e sessões de fisioterapia motora são mantidas.
Na última quinta-feira, 24, o Hospital DF Star havia divulgado “piora clínica” no quadro do ex-presidente com detecção de “elevação da pressão arterial e piora dos exames laboratoriais hepáticos”.
As alterações ocorreram um dia depois de ser citado por uma oficial de Justiça, a mando do Supremo Tribunal Federal (STF), para apresentar sua próxima defesa na ação criminal em que é acusado de tentar dar um golpe de Estado após perder as eleições de 2022. Antes disso, no entanto, vinha demonstrando melhora e até participou de lives e deu uma entrevista a uma emissora de TV.
Sem previsão de alta
“Persiste a restrição de receber visitas e não há previsão de alta da UTI”, diz o boletim assinado por Cláudio Birolini, médico chefe da equipe cirúrgica, Leandro Echenique, cardiologista, Antônio Aurélio de Paiva Fagundes Júnior, coordenador da Unidade de
Terapia Intensiva do Hospital DF Star, Brasil Caiado, cardiologista, Guilherme Meyer, diretor médico do Hospital DF Star e Allisson Barcelos Borges, diretor- geral do Hospital DF Star.
Bolsonaro que passou mal no Rio Grande do Norte no dia 11 deste mês e foi submetido a uma cirurgia que durou 12 horas para soltar aderências na região abdominal relacionadas à facada que ele levou em Juiz de Fora durante a campanha presidencial de 2018.
Funcionamento pode demorar até três semanas, diz gastrocirurgião
Gastrocirurgião e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Eduardo Grecco explica que o quatro de Bolsonaro está “dentro do esperado”, tendo em vista que ele já foi submetido a cirurgias várias vezes e tem idade avançada — o ex-presidente está com 70 anos –.
O tempo para que o intestino volte a se movimentar naturalmente varia de paciente para paciente. Em uma primeira cirurgia, é esperado que isso ocorra de forma mais rápida, em dois a três dias. Mas isso pode aumentar quando o órgão foi manipulado em operações mais de uma vez.
“Não existe um prazo estabelecido na literatura médica, mas pode demorar entre duas e três semanas em função da idade e porque o intestino foi manipulado novamente.”
A movimentação espontânea do intestino é constatada em exame clínico. Com uso de estetoscópio, é verificado se há o que se chama de ruídos hidroaéreos.
Segundo Grecco, essa falta de atividade justifica o retardo do esvaziamento estomacal. “Como intestino não está funcionando, o estômago está paralisado. O trato digestivo não faz o peristaltismo para o esvaziamento. Quando o intestino voltar, o estômago vai começar a funcionar melhor. Isso está dentro do esperado.”