Bolsonaro parabeniza polícia do Rio de Janeiro após ação no Jacarezinho
Operação para coibir o tráfico de drogas resultou na morte de 28 pessoas; Ministério Público investiga as circunstâncias dos óbitos

O presidente da República Jair Bolsonaro publicou mensagens em suas redes sociais neste domingo, 9, nas quais parabeniza a polícia do Rio de Janeiro após uma operação na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte da capital, na quinta-feira, 6.
Em decorrencia da ação morreram 28 pessoas, entre elas um policial.
Bolsonaro escreveu “ao tratar como vítimas traficantes que roubam, matam e destroem familias, a mídia e a esquerda os iguala ao cidadão comum, honesto, que respeita as leis e o próximo. É uma grave ofensa ao povo que há muito é refém da criminalidade. Parabéns à Polícia Civil do Rio de Janeiro!”
Na postagem seguinte, Bolsonaro lembrou o policial André Leonardo Mello Frias “que perdeu sua vida em combate contra os criminosos. Será lembrando pela sua coragem, assim como todos os guerreiros que arriscam a própria vida na missão diária de proteger a população de bem. Que Deus conforte os familiares!”, publicou.
A polícia afirmou que os civis mortos eram criminosos, mas não deu detalhes sobre as fichas criminais.
Considerada a mais letal da história do estado do Rio de Janeiro, a operação policial foi realizada para desarticular uma quadrilha de traficantes de drogas que, entre outros crimes, era suspeita de aliciar menores de idade.
Defensores dos direitos humanos questionam a legalidade da operação, que também despertou a preocupação da Ordem dos Advogados do Brasil, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e do o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos. As três instituições pediram investigações rigorosas e imparciais e ressaltaram o compromisso do Estado no respeito aos direitos humanos.
Responsável por fiscalizar a legalidade da ação, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro emitiu uma nota em que informa que está investigando as circunstâncias das mortes ocorridas durante a operação.
“Todas as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis em decorrência dos fatos ocorridos estão sendo tomadas pelo MPRJ”, diz o texto, que informa que a promotores estiveram presentes na comunidade, acompanhando os desdobramentos da operação. “Cabe destacar ainda que o MPRJ acompanha a perícia nos corpos das pessoas mortas durante a intervenção policial”, informou a nota.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, defendeu a Polícia Civil e afirmou na noite de ontem que a operação foi “o fiel cumprimento de dezenas de mandados expedidos pela Justiça.”
Há relatos de que os policias cometeram abusos durante a operação, incluindo execuções de suspeitos que estavam rendidos. Em um ofício encaminhado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, falou em “execução arbitrária” na favela. O magistrado analisará um pedido que aponta que a polícia descumpriu a decisão que proíbe operações nas favelas durante a pandemia de Covid-19.
Na operação, foram apreendidas 16 pistolas, seis fuzis, 12 granadas, uma submetralhadora e uma escopeta, além de drogas. Em entrevista coletiva na quinta-feira, 6, a cúpula da Secretaria de Polícia Civil afirmou que não houve execuções.
Com Agência Brasil.