O presidente eleito Jair Bolsonaro voltou a criticar hoje as regras do programa Mais Médicos, que utiliza profissionais cubanos para atender a população que vive nas regiões mais distantes do país. Segundo ele, os médicos cubanos participantes do programa estão em situação de escravidão, pois vivem longe da família e são obrigados a remeter 70% do salário para Cuba.
Bolsonaro questionou a qualidade dos serviços prestados pelos médicos cubanos. “Nunca vi uma autoridade atendida por um médico cubano. Será que devemos destinar aos mais pobres profissionais sem qualquer garantia de que sejam razoáveis. Isso é injusto e desumano”, afirmou ele em entrevista na manhã desta sexta-feira.
O presidente eleito repetiu que concederá asilo aos médicos cubanos quando estiver na Presidência. E lembrou que no governo de Dilma Rousseff, os profissionais que pedissem asilo seriam deportados para Cuba.
O Ministério da Saúde informou hoje que lançará ainda neste mês de novembro um edital para seleção de profissionais brasileiros para ocupar a vaga deixada pelos cubanos. Pelas regras do edital, os brasileiros deverão comparecer aos municípios imediatamente após a seleção.
Apesar das críticas do presidente eleito, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) afirma que o programa Mais Médicos ‘demonstrou ser uma das principais conquistas do movimento municipalista frente à dificuldade de realizar a atenção básica, com a interiorização e a fixação de profissionais médicos em regiões onde há escassez ou ausência desses profissionais’.
Segundo a confederação, os 8.500 médicos cubanos estão distribuídos em 2.885 municípios, sendo a maioria nas áreas mais vulneráveis, como o norte do país, o semiárido nordestino, as cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), as terras indígenas e as periferias de grandes centros urbanos.
Entre 1.575 municípios do país, o atendimento médico é feito apenas por profissionais cubanos do programa. Dessas cidades, 80% têm menos de 20 mil habitantes. “Dessa forma, a saída desses médicos sem a garantia de outros profissionais pode gerar a desassistência básica de saúde a mais de 28 milhões de pessoas”, afirma o presidente da confederação, Glademir Aroldi.