Bebê baleado no útero da mãe já respira sem aparelhos
Arthur segue com quadro de paraplegia, mas os médicos dizem que ainda há chance de recuperação do movimento das pernas
O bebê Arthur, que foi atingido por um tiro quando ainda estava no útero da mãe, Claudineia dos Santos Melo, respira sem a ajuda de aparelhos. A equipe médica do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, disse nesta sexta-feira que o recém-nascido está com paraplegia, mas que ele poderá recuperar o movimento das pernas. O estado de saúde da criança ainda é considerado grave.
O projétil, que perfurou a pelve de Claudineia, passou de raspão pelo crânio do bebê, entrou pelo ombro direito, atingiu a coluna e cruzou o pulmão. Eduardo de Macedo Soares, coordenador médico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do hospital, disse que, caso o bebê não regenere os movimentos, essa poderá ser a sequela mais grave que a criança levará para vida.
“Ainda há risco à vida, mas é menor do que na última sexta-feira, quando ele deu entrada no hospital. Ainda é muito cedo para fazer qualquer prognóstico e dizer qual é chance para ele se recuperar totalmente e reverter o quadro de paraplegia, mas os bebês surpreendem a gente”, disse o médico.
Segundo o coordenador médico de neurocirurgia do hospital, Vinicius Mansur Zogbi, a criança sofreu uma lesão pulmonar, mas respira sem ajuda de aparelhos e só precisa do auxílio de uma ventilação para dar suporte. Ele ainda se alimenta por sondas e não tem previsão de alta hospitalar.
O quadro de Arthur é monitorado por 30 médicos. Ele já recebe visitas da mãe, que teve alta na quinta-feira do hospital Moacyr do Carmo, também localizado em Duque de Caxias. Claudineia, que trabalha como operadora de caixa e tem 29 anos, foi baleada durante um confronto entre traficantes e policiais na Favela do Lixão. Ela estava grávida de 39 semanas e deu à luz ao bebê após os médicos realizarem uma cesariana de emergência.
(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)