Battisti é solto e retorna a São Paulo
Juiz federal havia decretado a prisão preventiva do italiano, que foi detido pela PF ao tentar atravessar a fronteira entre o Mato Grosso do Sul e a Bolívia
O fugitivo da Justiça italiana Cesare Battisti, 62, ex-membro da guerrilha esquerdista e condenado por assassinato em seu país, foi libertado no Brasil, após ter sido detido pela polícia na fronteira com a Bolívia, informou seu advogado neste sábado (7).
“Ele foi libertado e retornou a São Paulo”, declarou à AFP o advogado Marcio Palma.
Battisti, que permaneceu foragido por mais de três décadas, mas que vive em liberdade no Brasil desde 2010, foi detido na quarta-feira (4) pela polícia. O desembargador federal José Lunardelli, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), aceitou na sexta-feira (6) um habeas corpus da defesa de Battisti e determinou sua soltura. A decisão de Lunardelli derrubou o entendimento do juiz federal Odilon de Oliveira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande (MS), que havia decretado a prisão preventiva do italiano, ou seja, sem prazo para terminar.
Este novo capítulo de uma longa saga com questões diplomáticas e judiciais começou durante uma inspeção de rotina em Corumbá, cidade que faz fronteira com Bolívia, quando a polícia prendeu Battisti e outros dois homens portando 6.000 dólares e 1.300 euros sem declarar.
Battisti declarou que sua intenção era comprar artigos de pesca, uma jaqueta de couro e vinho no Shopping China, que acreditava ficar em uma “zona internacional” que não pertenceria à Bolívia.
Ex-integrante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, Battisti foi preso em junho de 1979, mas fugiu da prisão e foi para a França em 1981 e, depois, para o México, antes de retornar à França.
Após 15 anos beneficiado pela política do presidente socialista François Mitterrand de não extraditar nenhum militante de extrema esquerda que tivesse renunciado à luta armada, Battisti fugiu para o Brasil em 2004, durante o governo do conservador Jacques Chirac.
Em 2007, foi capturado no Rio de Janeiro e ficou quatro anos na cadeia até ser libertado, em 2011.
Em 2009, a pedido de Roma, o Supremo Tribunal Federal autorizou a sua extradição, mas esta foi negada em 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último dia de seu segundo mandato.
O atual governo brasileiro indicou que está reconsiderando a extradição de Battisti.
Em Brasília, uma fonte do gabinete do presidente Michel Temer disse que o mesmo estava “aguardando a posição dos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores para tomar uma decisão.
(com informações da AFP)