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Barco que naufragou no Xingu não podia transportar passageiros

Empresa foi notificada em junho sobre falta de licença para exercer a atividade, mas continuava operando; acidente deixou dez mortos e vários desaparecidos

Por Da Redação
Atualizado em 24 ago 2017, 18h17 - Publicado em 23 ago 2017, 20h22

O barco que afundou com mais de 70 pessoas na madrugada desta quarta-feira, 23, no Rio Xingu, entre os municípios de Porto de Moz e Senador José Porfírio, no sudoeste do Pará, não estava legalizado para fazer o transporte de passageiros. A embarcação “Capitão Ribeiro” não tinha registro fornecido pela Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos (Arcon). O naufrágio deixou pelo menos 10 mortos e cerca de 40 desaparecidos. Quinze pessoas foram resgatadas com vida.

O barco saiu de Santarém e seu destino final era Vitória do Xingu, com paradas nos município de Monte Alegre, Prainha, Porto de Moz e Senador José Porfírio. O trecho do Xingu onde ocorreu o naufrágio é conhecido por fortes correntezas e tem profundidade de até 30 metros.

Segundo comunicado da Arcon, a embarcação pertence à empresa Almeida e Ribeiro Navegação Ltda. e realizava “transporte clandestino de usuários”. Embora tivesse sido notificada pela fiscalização da Arcon no dia 5 de junho deste ano para que providenciasse a regularização, nenhum diretor da empresa compareceu ao órgão público. Ou seja, ela continuava irregular, mas navegando normalmente pelos rios da região.

O naufrágio

O DJ e animador de festas em Altamira, Bruno Costa, de 32 anos, um dos sobreviventes e filho da ex-vereadora de Vitória do Xingu, Mercedes Costa, contou que o barco começou a naufragar por volta das 21h30 – muitas pessoas conseguiram se salvar, nadando até a margem do rio, no meio da escuridão. Segundo ele, elas ficaram cerca de seis horas nadando sem saber onde estavam e só conseguiram chegar à margem por volta das 3h.

“Graças a Deus, estou muito bem, mas tive momentos terríveis em minha vida, nesta madrugada. Era por volta de 21h30, quando começou uma tempestade muito forte. De repente, o barco começou a estalar e a afundar”, relatou Costa. Segundo ele, a lona amarrada em uma parte da embarcação para que a água da chuva não molhasse as pessoas impediu muita gente de sair do barco, provocando pânico entre os passageiros.

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Costa ainda conseguiu pegar uma criança de dois anos, embora estivesse sem colete salva-vidas, quando outro passageiro, na agonia de escapar, projetou-se sobre ele, rasgando suas roupas. “Aquele cara rasgou toda a minha camisa e eu fui para o fundo com a criança nesse momento, mas ao voltar à superfície vi várias pessoas perto de mim, gritando. Peguei um colete e me mantive na superfície, conseguindo também salvar a criança, mas outras pessoas não tiveram a mesma sorte. Agradeço a Deus por estar vivo”, disse.

Resgate

O barco “Capitão Ribeiro” foi içado do fundo do rio no começo da tarde desta quarta. O trabalho se concentra na entrada dos mergulhadores para fazer uma varredura na tentativa de localizar pessoas presas dentro de compartimentos da embarcação. Além disso, lanchas e barcos procuram sobreviventes às margens do rio.

A polícia abriu inquérito e começou a ouvir os sobreviventes. “Os bombeiros só foram comunicados do naufrágio sete horas depois do acidente”, segundo o subcomandante-geral da corporação, coronel Augusto Lima.

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Em nota, a Marinha do Brasil disse que enviou o navio-patrulha “Bocaina” e a lancha  “Marco Zero” ao local para realizar buscas e coletar informações preliminares. “Um inquérito administrativo foi instaurado para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente”, diz o órgão. A Marinha diz, ainda, que a embarcação que naufragou está inscrita na Capitania Fluvial de Santarém.

Segurança

Para o engenheiro naval Pedro Lameira, a segurança da maioria dos 60 mil barcos que navegam pelos rios amazônicos é problemática porque essas embarcações possuem “precárias condições para suportar um rápido alagamento” durante um acidente. Além disso, segundo ele, o excesso de carga e passageiros “compromete a estabilidade dos barcos”.

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