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Baleada em bloco ‘sentiu a perna voando’ no momento do impacto, diz marido

Danieli Vitti, de 27 anos, foi atingida no fêmur no domingo, após tiroteio em desfile pré-Carnaval na avenida Luís Carlos Berrini, em São Paulo

Por André Siqueira Atualizado em 18 fev 2020, 11h22 - Publicado em 18 fev 2020, 10h35

A cabeleireira Danieli Vitti, de 27 anos, foi uma das baleadas em um bloco de pré-Carnaval na Avenida Luís Carlos Berrini, no domingo 16. Ela passou por uma cirurgia no fêmur e permanece internada. “Ela me disse que sentiu a perna ‘voando’, caiu no chão e começou a perder muito sangue”, disse Wellington Romano, marido de Danieli, a VEJA. No total, cinco pessoas foram atingidas – incluindo os três suspeitos – quando um policial civil reagiu com tiros ao ser furtado no bloco.

Segundo Wellington, ele e a mulher, que são de Jundiaí, estavam em um grupo de quinze pessoas no bloco. Por volta das 17h30, Danieli disse aos amigos que iria ao banheiro. Neste momento, relata o marido da cabeleireira, iniciou-se uma confusão em uma das calçadas. “Ouvi um estouro, mas de início pensei que fosse uma bomba de efeito moral, até porque não era o primeiro princípio de confusão e estávamos perto de uma delegacia. De repente, mais dois estalos. Foi aí que percebi que não eram bombas, eram tiros”, contou.

Wellington afirma ter visto uma pessoa armada e outra caída no chão. “Uma amiga nossa gritou e disse que a Dani havia sido atingida. Corri para fazer as medidas de precaução, porque ela estava com muito sangue”, conta, relatando que usou um cinto como torniquete improvisado.

Wellington reclamou da falta de atendimento no local. “Achei um absurdo um evento daquele tamanho não ter uma ambulância por perto. Deveria haver uma em cada esquina, para atender emergências como essas.”

Após os primeiros socorros, Danieli foi levada em uma viatura da polícia ao Hospital das Clínicas, em São Paulo. O tiro atingiu o fêmur, mas não ficou alojado – a mesma bala atingiu uma colega da cabeleireira, que foi atendida e recebeu alta médica no mesmo dia. A ideia do casal era que ela fosse operada em Jundiaí, pela rede credenciada do convênio, mas os médicos alertaram sobre a possibilidade de uma das artérias se romper no deslocamento até a cidade. A cirurgia ocorreu por volta das 17h de segunda-feira, e terminou na madrugada desta terça-feira. Nos próximos dez dias, a cabeleireira será submetida a uma nova operação.

O tempo estimado de recuperação será de seis meses. “Ela está bem, mas está preocupada com o tempo de recuperação. Ela trabalha muito tempo em pé, faz eventos, e está apreensiva por conta disso”, diz. O casal tem dois filhos, um menino de 3 anos e uma menina de 11 meses. Segundo Wellington, ele não pretende contar às crianças sobre o ocorrido. “Eles são muito novos, não vão entender nem se eu explicar. E nem merecem isso. Eles vão ver a mãe deitada, de cama. Vou dizer que ela está doente, mas que ficará bem logo.”

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