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Ator incorporou trejeitos de Lula para filme sobre a Lava-Jato

'É um papel muito difícil de fazer', diz Ary Fontoura, de 83 anos, em entrevista a VEJA

Por Ullisses Campbell, de Curitiba
Atualizado em 5 fev 2017, 13h44 - Publicado em 5 fev 2017, 13h27

Com 50 novelas nas costas, coube ao ator Ary Fontoura, de 83 anos, encarnar o ex-presidente Lula no filme Polícia Federal – A Lei É para Todos. Na quarta-feira, 28 de dezembro, Fontoura foi a Curitiba, sua terra natal, visitar delegados da Polícia Federal e o procurador Deltan Dellagnol, na sede do Ministério Público Federal. Segundo ele, a visita serviu para entrar na atmosfera da Lava-Jato.

Durante o Carnaval, ele vai gravar a polêmica sequência em que Lula é conduzido coercitivamente pela PF para depor no Aeroporto de Congonhas. A cena fechará o primeiro dos filmes da trilogia sobre a maior operação de combate à corrupção já vista no Brasil. Para fazer Lula no cinema, Fontoura também está assistindo a entrevistas concedidas pelo ex-presidente. Mas a sua maior fonte de inspiração será mesmo o filme de quase duas horas feito pela Polícia Federal que mostra como Lula reagiu quando os investigadores bateram à sua porta, às 6 horas da manha, no dia 4 de março de 2016, para levá-lo coercitivamente para depor. Nessa ocasião, o petista chama os procuradores de “f.d.p.” e pede para ser algemado.

“Vou fazer o possível para fugir da armadilha de imitá-lo. Vou tentar humanizá-lo e fugir do terreno da extravagância”, diz Fontoura. O ator já cultiva a barba branca e anda de camisa polo, como o ex-presidente. “O Lula sempre está com a barba longa e malfeita”, analisa. Fontoura falou sobre essa experiência a VEJA. Para fugir de polêmica, ele não quis fazer comentários sobre política nem mesmo revelar as suas preferências ideológicas.

Ary Fontoura
Ary Fontoura caracterizado de Lula na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Foto: Jefferson Coppola/VEJA ()

Como o senhor está se preparando para interpretar o Lula? Lendo revistas, jornais e livros sobre o ex-presidente. É um papel muito difícil de fazer. Mas há um material muito vasto sobre ele para pesquisa.

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Por que é um papel difícil? Por se tratar de um personagem real e vivo. Além do mais, é um filme didático que vai mostrar a operação exatamente como ela é. O primeiro filme acaba justamente com a condução coercitiva do Lula, um dos momentos mais tensos da Lava-Jato. Muita gente ainda não sabe o que aconteceu quando a polícia bateu na porta do apartamento do Lula naquela sexta-feira, 4 de março de 2016.

Ao interpretar Lula, o senhor terá liberdade para criar ou vai se limitar a fazer uma imitação? Depende muito. Posso ficar limitado a uma situação que estou vendo ou poderei humanizá-lo ainda mais. Como ator, farei o que o diretor mandar. Posso dizer que é um filme sério e que não farei uma caricatura. Estamos buscando a realidade.

Quando surgiu o convite para o papel, houve dúvida em aceita-lo? Sim, houve. Não por questões ideológicas. A primeira coisa que fiz foi me olhar no espelho para ver se eu me parecia com o Lula. Achei que sim e fui conversar com o diretor para ver como seria o filme. Como sou um profissional e fiz pouquíssimo cinema, aceitei.

O que o senhor veio fazer na sede da Polícia Federal de Curitiba? Vim sentir o clima da Lava-Jato e assistir às gravações que a PF fez da condução coercitiva do Lula. Minha participação no filme começa com a Polícia Federal batendo na casa dele até o depoimento no aeroporto de Congonhas.

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