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As chamas e as chagas do garimpo

Mais de 130 balsas foram apreendidas ou destruídas em operação da Polícia Federal com o apoio das Forças Armadas no Amazonas

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h13 - Publicado em 4 dez 2021, 08h00

Tudo começou com um boato no início de novembro. Dizia-se que haviam encontrado ouro no Rio Madeira, na altura de Autazes, no estado do Amazonas, e para lá correram centenas de balsas, dragas e empurradores em busca do metal precioso. Não demorou muito para que o trecho compreendido entre a comunidade do Rosarinho e Nova Olinda do Norte ficasse cheio de garimpeiros, a maior parte deles sem licença para operar, ávidos por extrair a riqueza do leito das águas. Por alguns dias, trabalharam sem ser importunados pelas autoridades. Até que a população local, animada pela suposta descoberta e preocupada com as consequências da atividade desenfreada e sem método dos garimpeiros, resolveu soar o alarme. Pressionados por organizações não governamentais e pela imprensa local, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) foram apurar o que estava acontecendo. O resultado foi uma operação da Polícia Federal com o apoio das Forças Armadas, no dia 27 de novembro, em que três pessoas foram presas. Mais de 130 balsas foram apreendidas ou destruídas. O prejuízo dos garimpeiros só não foi maior porque políticos locais impediram que mais equipamentos fossem incendiados e inutilizados. Em Brasília, levantou-se a questão sobre o que deve continuar ilegal e o que precisa ser legalizado, de modo a preservar o que chamaram de “garimpo familiar”. Dessa vez, pelo menos, não foi a floresta que ardeu em chamas.

Publicado em VEJA de 8 de dezembro de 2021, edição nº 2767

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