As acusações de desvio em trote solidário de alunos de Medicina na UFRJ
Montante tradicionalmente arrecadado para doações teria sido usado para festa universitária

Alunos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) acusam membros de uma comissão de formatura do curso de desviarem recursos de um trote solidário para a realização de uma festa. Ao todo, foram arrecadados cerca de 10 mil reais junto aos calouros que ingressaram no início deste ano. O valor, tradicionalmente, é direcionado, por meio de doações, para o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), o hospital pediátrico do Fundão.
As acusações circularam em grupos internos dos estudantes de medicina da UFRJ. Em prints de conversas compartilhados, membros da comissão responsável pela recepção dos calouros de 2025 (formada pelos alunos que ingressaram no curso no segundo semestre de 2024) discutem que porcentagem do valor arrecadado será doado, e quanto será usado para financiar uma festa — um evento de recepção dos novos alunos do curso. “Quanto doar e quanto beber?”, perguntava uma enquete no WhatsApp. “Vamos tirar a doação”, sugeriu, ironicamente, uma das alunas.

A postura causou indignação porque, historicamente, o dinheiro arrecadado junto aos calouros de medicina da UFRJ é destinado à compra especialmente de leite, para ser doado a filhos de mães com HIV positivo — que, portanto, não podem amamentá-los — ou com qualquer outra questão que impossibilite a amamentação. Grande parte das crianças assistidas, inclusive, vive em situação de vulnerabilidade e, de fato, o gesto solidário costuma fazer a diferença para essas famílias.

Outro ponto levantado após a repercussão do caso foi o “marketing” feito para as doações. Durante o período de arrecadação, a informação dada aos calouros foi de que todo o valor levantado seria destinado ao hospital pediátrico da UFRJ, o que mudou posteriormente.

Com a repercussão interna, a comissão responsável pela arrecadação divulgou nota em que diz ter destinado 94% dos valores à doação, em um total de 9,7 mil reais. Os 6% restantes, segundo eles, foram usados na recepção dos calouros. Além disso, o grupo se comprometeu a criar novas ações solidárias, além de uma campanha de doação de sangue para o Hospital Universitário da UFRJ.