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Após romper com Bolsonaro, Carlos Vereza vira alvo de ataques

O ator entrou na lista de figuras públicas e políticos que deixaram de apoiar o presidente

Por Sofia Cerqueira Atualizado em 4 abr 2020, 15h54 - Publicado em 4 abr 2020, 14h39

De franco apoiador a traidor. Para muitos bolsonaristas, é assim que o Carlos Vereza é visto agora. A polêmica em torno do nome do ator se acendeu nesta sexta, quando ele anunciou nas redes sociais que estava rompendo com o governo: “tirei o meu time.” Em seguida, diante da fúria da tropa de defensores do presidente e de suas ideias, o ator, que antes era um dos líderes de apoiadores de Jair Bolsonaro entre a classe artística, decidiu tornar o seu perfil no Facebook fechado ao público. Em um texto de despedida, ele ressaltou: “O que me motiva a escrever para poucas pessoas é estar constatando a invasão de uma horda de bárbaros, quadrúpedes fanatizados, filhotes sectários formados pelo populismo do honesto mas egocêntrico Jair Messias Bolsonaro.”

Vereza não foi o único a abandonar o barco de apoio ao presidente. Nos últimos dias, o país assistiu uma debandada de figura públicas que apoiaram Bolsonaro nas últimas eleições. A deputada Janaína Paschoal, do PSL, foi uma das primeiras a declarar, em meio às polêmicas em torno da quarentena para conter a Covid-19, que não estava mais do lado do presidente. Dona de credenciais conservadoras e católica fervorosa, a deputada, que chegou a ser cotada para vice, fez duras críticas não só a Bolsonaro como a seus filhos nas redes sociais. “Mas quem o está colocando em risco é ele, os filhos dele e alguns assessores que o cercam. Acordem! Dia 26, se as ruas estiverem vazias, Bolsonaro perceberá que terá que parar de fazer drama para TRABALHAR!… “, escreveu em uma das postagens.

O Cantor Lobão também explanou o seu descontentamento com o governo de Bolsonaro. Ele  declarou, entre outras, que o presidente “não tem capacidade intelectual para gerir o Brasil. Outro famoso apoiador do presidente, o empresário Luciano Hang, ameaçou jogar a toalha de apoio caso o governo não cumpra seus compromissos. Depois de desavenças públicas, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), declarou que se arrependia de ter votado em Bolsonaro no segundo turno. Antes muito próximo da família Bolsonaro, o governador Wilson Witzel (PSC) também já rompeu com o presidente. As brigas começaram quando Bolsonaro o acusou de ter vazado informações no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e se estremeceram ainda mais diante das divergências sobre o isolamento social.

A última postagem do ator na íntegra:

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“Hoje encerro minhas postagens abertas ao público. Quando iniciei no Facebook, há tempos, procurei fazer o melhor, pesquisar sempre temas que pudessem acrescentar algum tipo de intercâmbio com amigos, que nunca considerei virtuais.

Percebi neste tão maltratado e revolucionário meio de comunicação, um instrumento de difusão de ideias, algo como um diário eletrônico, com a vantagem de não acariciar o ego nem a posteridade, pois mal o texto é rabiscado, despenca, silencioso, para algum limbo digital.

Não tomo essa decisão por cansaço. O que me motiva a escrever para poucas pessoas, é estar constatando a invasão de uma horda de bárbaros, quadrúpedes fanatizados, filhotes sectários formados pelo populismo do honesto mas egocêntrico Jair Messias Bolsonaro.

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Nenhuma diferença dos quadrúpedes petistas fanatizados pelo gatuno Lula da Silva.

Espécimes previstos por Umberto Eco, que alertou para os imbecis que ocupariam as redes sociais.

Nublados pela obtusidade, caluniam por incapacidade de conviver com a complexidade.

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Nada veem além da própria limitação para compreender, que a crítica bem-intencionada, significa alguma esperança no político que apoiei publicamente, antes das eleições, e mesmo depois, e depois.

Mas os dedos acusadores erguem-se ao lado de clichês, de frases mal articuladas. E, os que tentam apontar os desvios de rumo do presidente, são alvo da ignorância, do linchamento de reputações.

Sim, fiz muitos e queridos amigos e amigas; tantos que me honraram com trocas intelectuais, amoráveis, e nunca virtuais.

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Mas tentar a racionalidade neste momento, é tarefa semelhante ao mito de Sísifo – no caso, em geral, dialogar com o próprio eco.”

Abraços fraternos. Carlos Vereza

Cotado para fazer parte da equipe da Secretaria Especial de Cultura, sob o comando de Regina Duarte, as críticas de Vereza à postura do presidente com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se tornaram públicas após uma série de postagens no Facebook. Na primeira delas, o ator ressalta: “Irresponsável: afirmar que Mandetta não tem humildade, um profissional preocupado com a vida humana, e não como Bolsonaro, em eterna campanha eleitoral”. Em um post seguinte, Vereza deixa claro sua insatisfação com as atitudes de Bolsonaro diante do avanço do coronavírus no país, sem, porém, citar nomes. “A soberba e a arrogância precedem a queda”, publicou.

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Em novas postagens em seu perfil no Facebook, o ator, que chegou a visitar Boslonaro no hospital durante o episódio da facada e fez franca campanha para o então candidato, foi mais direto no ataque ao presidente. “Estava tentando defender Bolsonaro, não tanto por ele, mas pela normalidade das instituições. Mas ele desautorizar publicamente o ministro da Saúde por ciúmes, não dá mais: tirei o meu time”, destacou, anunciando que deixava de apoiar o governo.

A irritação do ator com o posicionamento do presidente nas políticas de controle ao novo coronavírus, que chegou a se referir à doença como uma “gripezinha” e foi para rua encontrar comerciantes e eleitores no último domingo 29, e sua defesa do ministro da Saúde se tornaram ainda mais evidente em outras postagens. Em uma delas, escreveu: “O número de mortes no país não está maior porque as pessoas estão se preservando em casa. Obrigado Mandetta.”. E, logo depois, criticou a forma como Bolsonaro costuma atuar para tirar poder de seus ministros: “A mesma fritura de sempre: Boslonaro agitando seus apoiadores radicais, preparando ambiente para demitir Mandetta”.

Até esta semana, Vereza era visto como um aliado do presidente Bolsonaro. Ele esteve presente à posse de Regina Duarte, em março, e chegou a brincar com o convite para que ele integrasse sua equipe. “Fui convidado. Vou dar uma pensada. Eu não sei para qual cargo, acho que é para falar besteira”. Regina Duarte, no entanto, continua endossando o discurso do presidente. Esta semana chegou a repostar mensagens que alertavam para os riscos do isolamento social para a economia do país.

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