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Após denúncia, Bretas dispara contra VEJA e réu que o acusou

Juiz afastado de suas funções pelo CNJ indaga: "Vale tudo contra a Lava-Jato?"

Por Ricardo Ferraz Atualizado em 26 Maio 2023, 16h04 - Publicado em 26 Maio 2023, 15h33

O juiz federal Marcelo Bretas, afastado de suas funções pelo Conselho Nacional de Justiça, reagiu à reportagem exclusiva de VEJA que trouxe à tona uma denúnica contra o magistrado feita por Rogério Onofre, um dos réus condenados por ele no braço fluminense da Operação Lava-Jato.

O ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (Detro-RJ) aponta Bretas como o chefe de um “esquema” na 7ª Vara Criminal da Justiça Federal fluminense, em que sentenças seriam negociadas. A acusação baseia-se em conversas que Onofre manteve com o advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, em 11 encontros no presídio de Bangu 8, durante os 14 meses em que esteve detido preventivamente por determinação do juiz.

Em sua conta no Instagram, onde costuma postar vídeos e fotos exibindo seus músculos e mensagens de cunho religioso, Bretas diz que a reportagem é “sensacionalista” para, em seguida, atacar Onofre e o advogado Nythalmar, que anexou gravações em que negocia com o Ministério Público e com o magistrado detalhes e procedimentos da investigação em uma delação premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República. O episódio, também revelado por VEJA, em junho de 2021, ficou conhecido como Vaza-Jato 2.

“Será que contra a Lava-Jato vale tudo? Toda hora alguém tem de inventar alguma coisa para atingir a nossa reputação pra desqualidficar o trabalho? Quanto vale uma declaração de um réu condenado para prejudicar um juiz que o condenou, seja a declaração em uma escritura pública, ou num papel higiênico? Vale o mesmo que a declaração de um advogado criminoso, mentiroso numa delação premiada fajuta, se é que existe. A verdade vai aparecer e a mentira não dura muito”, declarou o juiz.

Onofre foi considerado culpado pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha por supostamente ter autorizado empresas de ônibus a fazer reajustes acima da inflação, em troca do pagamento de propinas. A declaração dele, lavrada em cartório, foi anexada a uma ação de suspeição que questiona a imparcialidade de Bretas no julgamento, que tramita na Justiça Federal, e a um novo procedimento contra o juiz no CNJ. O executivo também abriu uma representação contra Nythalmar na Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro.

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