Apenas estados do Norte e Nordeste têm mais de 40% de isolamento social
Piauí, Pará, Amapá, Ceará, Pernambuco e Amazonas apresentam taxas acima desse percentual, que supera a média do país; indicador mínimo deveria ser de 70%

Piauí, Pará, Amapá, Ceará, Pernambuco e Amazonas — todos estados das regiões Norte ou Nordeste — foram os únicos que conseguiram taxas de distanciamento social acima de 40% segundo dados colhidos na quinta-feira, 19, pela plataforma de monitoramento diário InLoco. Embora esteja acima da média nacional, que foi de 35,9%, o índice ainda está muito abaixo do mínimo recomendado por infectologistas, de 70%.
O governo do Piauí, estado que atingiu melhor isolamento do país na última quinta-feira, 44,9%, estabeleceu o fechamento do comércio de quinta a domingo e toque de recolher a partir das 21h. No dia anterior, quando atividades não essenciais podiam funcionar, o isolamento havia sido de apenas 34,3%.
A capital Teresina, que tem 90% dos leitos de UTI ocupados, está em risco. O Comitê de Operações Emergenciais da prefeitura emitiu uma recomendação à Fundação Municipal de Saúde para aumentar as medidas restritivas e permitir o funcionamento somente dos serviços essenciais. A Justiça do Piauí suspendeu um decreto da prefeitura que tentava flexibilizar as normas do governo do Estado nesta sexta-feira, 19.
O Pará vem em segundo lugar, com 43,03% de isolamento. Nesta sexta-feira, o governo decidiu prorrogar por mais sete dias o fechamento de academias, cinemas e teatros. Com mais de 90% dos leitos de UTI ocupados a capital, Belém, e mais quatro cidades da região– Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara — entraram em lockdown: somente serviços essenciais irão funcionar. Com estrutura de saúde precária, os municípios do interior também têm aumentado as restrições para tentar conter o avanço do vírus.
A taxa de isolamento no Amapá foi de 41,98% na quinta-feira, dia em que o lockdown começou no estado, que tem 86,65% dos leitos hospitalares ocupados. Macapá decretou calamidade pública e tem 98% das vagas de UTI preenchidas. As novas medidas incluem toque de recolher das 21h às 5h, restrição de horário para atividades não essenciais e proibição do consumo de bebida alcoólica no interior de estabelecimentos comerciais, logradouros, praças, calçadas e vias públicas.
O Ceará registrou 41,75% de isolamento. Estão autorizadas a funcionar no estado apenas indústrias e estabelecimentos com atividades essenciais, como supermercados e farmácias. Seis hospitais da capital, Fortaleza, estão sem leitos de UTI e a rede privada está próxima ao limite no estado. Desde o início de março, o sistema de saúde funciona com mais de 90% de ocupação no estado.
No primeiro dia de quarentena em todo o estado, Pernambuco registrou 40,98% de isolamento. Só podem funcionar serviços essenciais, como supermercados, padarias, postos de combustíveis, clínicas e farmácias. Templos religiosos apenas podem abrir para atividades administrativas e transmissões pela internet. A rede pública do estado está com 96% dos leitos de UTI ocupados.
Já no Amazonas, o índice de isolamento foi de 40,59%. No estado está em vigor um decreto do governo que estabelece toque de recolher das 21h às 6h. O comércio não essencial pode abrir das 9h às 17h de segundo a sábado. O transporte intermunicipal funciona com metade da capacidade. Academias, restaurante e salões de beleza funcionam com horário reduzido.
Outros estados
O estado com o pior indicador de distanciamento social é Mato Grosso do Sul, com apenas 29,4%. Na região Centro-Oeste, a unidade da federação com a melhor taxa é Goiás, com 33,4%.
Outra região com indicadores baixos é a Sul –Santa Catarina tem 30,7%, o Paraná, 33,5%, e o Rio Grande do Sul, 33,7%. Já São Paulo, o estado mais populoso do país e o que lidera em número de mortes e casos, registrou 37,3% de isolamento.