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Animais atolados na lama estão sendo executados a tiros em Brumadinho

Ação da Polícia Rodoviária Federal é questionada por institutos de defesa dos animais e classificada como 'cruel' e 'inaceitável'

Por Larissa Quintino Atualizado em 29 jan 2019, 15h06 - Publicado em 29 jan 2019, 09h45

Animais atingidos pela ruptura da barragem da Vale em Brumadinho, na última sexta-feira, estão sendo sacrificados a tiros. Na segunda-feira 28, um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) alvejou animais que estavam ilhados na lama.

Segundo ativistas de defesa dos animais, em meio a helicópteros que faziam o resgate de vítimas, um sobrevoava bem baixo para atirar nos animais. Eram feitos cerca de cinco disparos em vacas que estavam atoladas na lama.

A Polícia Rodoviária Federal confirmou a ação com helicóptero. “O procedimento de sacrifício (eutanásia) dos animais, objeto deste questionamento, foi realizado com o atendimento de todos os protocolos de segurança aplicáveis ao caso, a pedido e sob a coordenação de uma veterinária, integrante do Conselho de Veterinária de Minas Gerais e supervisionado pelo comando das operações de resgate.”

A PRF não respondeu se a ação vai continuar nem quantos animais foram abatidos a tiros.

O Conselho Regional  Medicina Veterinária de Minas Gerais disse que dois animais, um bovino e um equino sofreram eutanásia por arma de fogo. Segundo o presidente do CRMV-MG, Bruno Divino, o método é autorizado pelo “Guia Brasileiro de Boas Práticas para Eutanásia em Animais” e foi escolhido porque os animais estavam em sofrimento e não havia segurança para que os socorristas descessem do helicóptero para aplicar o anestésico. “O método para quem não conhece é assustador, mas é feito disparo onde o animal não vai sentir dor”.

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Segundo o médico veterinário, os tiros só serão realizados quando o animal estiver em situação de extremo sofrimento e não houver como acessar o local.  Em outras situações, a orientação é resgatar o animal da lama ou fazer a eutanásia com anestésicos.

Os ativistas de defesa dos animais, no entanto, questionam a forma com que o sacrifício dos animais está sendo feito. “Essa não é a maneira correta de sacrificar um animal que já está com muito sofrimento. A única coisa que justifica é eles estarem querendo brincar de tiro ao alvo”, disse a apresentadora e defensora dos animais Luisa Mell. “Nós sabemos que será preciso fazer eutanásia em alguns animais, porém, é preciso dignidade para isso. O que está acontecendo é inaceitável.” 

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Luisa diz que chegou na segunda a Brumadinho com o intuito de fazer um sobrevoo para identificar áreas onde estão os animais para que grupos e veterinários voluntários possam tentar resgatá-los. Porém, foi impedida. “Toda hora era uma desculpa diferente para não me deixarem subir no helicóptero. Agora descobrimos o motivo. Eles têm coisa para esconder”, afirmou.  

Luciana Trindade, do Grupo Eco Ação, também reclama da maneira com que a eutanásia dos animais está sendo feita. “Atirar desse jeito nem pode ser chamado de eutanásia. No domingo um helicóptero com uma veterinária sobrevoou baixo para que ela pudesse aplicar uma injeção e assim o animal deixar de sofrer. Agora, atirar até acertar é cruel”, disse.

Resgate descoordenado

Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, por mais que ONGs e institutos de defesa dos animais queiram ajudar a fazer o regate, não é possível acessar o local sem autorização prévia de autoridades.

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“Precisamos entender que esse acidente é um crime e qualquer ação que não seja coordenada pode descaracterizar essa cena e, com isso, os responsáveis podem se eximir da culpa”, afirmou Bruno Divino.

O CRMV-MG trabalha com o governo do Estado de Minas Gerais para fazer um levantamento de animais de grande porte que estão na área atingida pela lama para poder coordenar ações de resgate.

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