Amazônia Legal vira região mais violenta do país
Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que território tem 45% mais mortes

O grande pulmão verde do mundo, famoso pela agressividade da devastação, agora também se estabeleceu como um território sem lei. Se não bastasse os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira, que ganharam as manchetes dos principais veículos de comunicação do mundo em 2022, agora o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (30), revela que na região acontecem 45% mais mortes do que no resto do país.
Com território imenso, que reúne 59% da área do país e apenas 20% dos brasileiros, ali, os crimes não estão ligados apenas ao meio ambiente – caso do garimpo e do desmatamento ilegal –, mas também ao tráfico. A região é disputada por 22 facções criminosas, entre elas grupos colombianos e venezuelanos, além dos nacionais. Dos 772 municípios, 178 registram a presença do crime organizado.
Por que a Amazônia Legal é a região mais violenta do país?
O que acontece hoje na Amazônia Legal se deve ao Brasil ter se transformado no corredor mais importante para a venda internacional de droga. E a entrada da mercadoria acontece justamente por essa região, que não tem policiamento suficiente para reprimir o comércio.
O estudo aponta que o Comando Vermelho (CV) é o que detém o maior poder, presente em 58 das cidades. Em segundo lugar, está a facção paulista, o Primeiro Comando da Capital (PCC), que controla 28 municípios.
O que é a Amazônia Legal?
Em 1953, a Amazônia Legal foi criada, com nove estados brasileiros, para facilitar o desenvolvimento de políticas socioeconômicas. Fazem partem Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão, que foram palco de 33,8 mortes por 100 mil habitantes em 2022. Na mesma época, a taxa nacional foi de 23,2 mortes por 100 mil habitantes. Mas a violência nesses estados já foi pior. Era de 34,4 mortes em 2021.
Neste cenário, destaca-se Pará e Mato Grosso, que reúnem 15 municípios com a maior taxa de 80 mortes por 100 mil habitantes. Nessa cesta de violência entra o homicídio doloso, latrocínio e mortes por lesão corporal e intervenção policial.