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Água do volume morto do Cantareira começa a ser captada em São Paulo

Sabesp começa a distribuir nesta quinta-feira volume captado do fundo das represas. Segundo especialistas, qualidade do recurso é inferior

Por Andressa Lelli
15 Maio 2014, 08h54

Restando somente 8,4% do volume útil do Sistema Cantareira e na iminência de secar por completo, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) começa nesta quinta-feira a distribuir água captada do chamado volume morto. O recurso irá para abastecer 8,8 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) aciona às 10h desta quinta o conjunto de bombas que darão início à captação de água da reserva do conjunto de represas. O uso do volume morto é apontado como recurso emergencial e, segundo especialistas, apresenta qualidade inferior se comparado com a água que é usualmente levada à população.

Pelo fato desta área se localizar no fundo das represas, abaixo do nível mínimo de captação, esta parcela não é normalmente utilizada. Por causa disso, foram realizadas obras para a instalação de bombas para que essa água pudesse ser captada.

“A água do volume morto tem qualidade diferente e, como as represas do Sistema Cantareira também alimentam o Sistema Piracicaba, sempre há mais nutrientes, mais amônia e mais metais”, afirma o presidente do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), José Galizia Tundisi. A amônia, por exemplo, pode causar irritação e inflamação nas vias respiratórias e no estômago, se ingerida em grande quantidade. No entanto, ele afirma que “do ponto de vista sanitário, não há riscos à saúde porque todas as substâncias nocivas são retiradas no tratamento. Não creio que a população ficará exposta”, afirmou.

No entanto, Tundisi alerta que “este tratamento é diferenciado e, por isso, os custos serão mais elevados e será um processo mais complexo”. Segundo o especialista, o tratamento normalmente conta com um sistema padrão de melhora da água usado para reduzir a quantidade de substâncias tóxicas. “Porém, quando há aumento desses poluentes, são utilizados coagulantes e sulfactantes no processo e é redobrada a passagem da água pelos sistemas de filtração. Entretanto, o procedimento adotado para o tratamento depende das análises de qualidade da água”.

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Outra questão preocupante é a presença de um ecossistema na região do volume morto composta principalmente por algas, peixes e micro-organismos. Quanto mais perto do solo, mais sedimentos e poluentes são acumulados e menor é a oxigenação da água. Com a diminuição da quantidade de água represada, a baixa oxigenação pode provocar a morte de peixes e danos à biodiversidade existente no fundo da represa. Tundisi afirma, porém, que os níveis de oxigenação do volume morto não são suficientes para causar danos à saúde humana.

Com o uso extensivo desta parcela de água, a recuperação do manancial levaria pelo menos dez anos para voltar aos níveis normais. A recuperação do sistema através da chuva torna-se uma tarefa quase impossível porque o período de chuvas já terminou. Os níveis do reservatório batem sucessivos recordes negativos. As represas Jaguari e Jacareí apresentam estado ainda mais crítico, contam com volume de somente 1,8%. Elas são consideradas o coração do Cantareira e, juntas, representam 82% do sistema inteiro.

Qualidade atestada – O Ministério Público Estadual vai exigir que a qualidade da água retirada abaixo da cota operacional das represas do Sistema Cantareira seja monitorada continuamente. A exigência será apresentada durante reunião, na sexta-feira, dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) de Piracicaba, com representantes da Companhia Ambiental do Estado (Cetesb) e da Vigilância Sanitária.

De acordo com o promotor Ivan Carneiro Castanheiro, do Gaema, o monitoramento deve ser estendido �� vazão liberada para os rios das bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) que abastecem as regiões de Campinas e Piracicaba. Se as exigências não forem atendidas, o MPE pode propor medidas judiciais contra a retirada do “volume morto”.

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A Sabesp estima que a utilização do volume morto, somada à previsão de que não choverá na quantidade necessária até setembro, permitirá que a água captada nessa parcela da represa seja suficiente para abastecer a cidade e região metropolitana até outubro, sem que o racionamento seja decretado. “Somente se não chover até outubro é que teremos problemas”, afirmou Mario Sampaio, diretor de relações com investidores da Sabesp.

Redução no consumo – Segundo a Sabesp, 86% dos consumidores reduziram o consumo de água em comparação com os 12 meses anteriores. A Sabesp tem um plano de investimento de aproximadamente R$ 2,5 bilhões ao ano, nos próximos quatro anos.

(Com Estadão Conteúdo)

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