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Adepto do ‘funk consciente’, MC faz homenagem a Paraisópolis

Ele estava no baile durante a tragédia e conseguiu se esconder em um estacionamento. A música 'Favela Pede Paz' teve mais de 2 milhões de visualizações

Por Roberta Paduan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 dez 2019, 16h48 - Publicado em 19 dez 2019, 15h52

O paulistano Robson Gonçalves, de 23 anos, mora no Jardim Capela, bairro depois do Capão Redondo, rumo ao extremo Sul da capital paulista. Mais conhecido como MC Robs, ele estava no baile da DZ7, em Paraisópolis, na madrugada de domingo, 1º de dezembro, que terminou com a morte de nove jovens com idades entre 14 e 23 anos.

A tragédia — que ocorreu após um tumulto desencadeado por uma perseguição policial a bandidos que entraram na favela — levou o cantor a escrever o funk “Favela Pede Paz”. A música ficou pronta em um dia (letra abaixo). “Foi um desabafo”, diz o artista. Até agora, o clipe teve mais de 2 milhões de visualizações na internet, incluindo os canais de funk. No Youtube, já passaram das 65 mil.

MC Robs chegou ao baile de Paraisópolis por volta das 2 horas da manhã. Sem show naquela noite, foi apenas para “curtir” e acompanhar uma prima que namora com um rapaz de lá. “Também fui para ouvir o que a galera está curtindo. Faz parte do trabalho”, afirma. Pouco depois das 3 horas, começou a correria. “Só deu tempo de me esconder em um canto de um estacionamento”, relatou a Veja. Quando a gritaria diminuiu, Robson foi embora correndo. Só descobriu a tragédia na tarde de domingo, ao acordar.

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Além do pavor de descobrir que oito pessoas haviam morrido (a nona vítima faleceu um dia depois), Robs ficou prostrado ao ler comentários nas redes sociais, que culpavam os jovens mortos. “Vi gente dizendo que eles só encontraram o que procuraram; que se não estivessem na favela não teriam morrido. Isso me bateu muito forte. Pensei em responder, mas decidi escrever uma música”, disse.

Robson já trabalhou como pegador de bolinha de tênis em um dos clubes mais caros de São Paulo. Também foi ajudante de cozinha de uma rede de fastfood de churrasco, até o primeiro funk “Bolado de Mil Grau’ viralizar e lhe render o convite de uma produtora. A música fala do universo de dificuldades, mas também de diversão da maior parte dos jovens da periferia.

O sucesso, porém, ele descobriu que não é nada fácil. Os shows não apareceram na quantidade que ele imaginava. O segundo hit demorou a emplacar, e só veio com “DNA”, que fala de uma mulher que tenta dar o golpe da barriga em um MC. “Eu gosto mesmo é de funk consciente, mas esse tipo é mais difícil emplacar”, diz.

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Favela Pede Paz

(MC Robs)

Compreender esse mundão não dá
Onde quem tem função de proteger tá exercendo a de matar
Já tá na hora de tudo mudar
Quero paz na favela e respeito por onde eu frequentar
Curto um funk mas eu sou postura
Tomo whisky destilado
Fico até tarde na rua
Mas só porque conduzem viatura
Acham que tem direito de oprimir nossa cultura
Baile funk tem em toda cidade
Tem pancadão no centro
Em frente das faculdades
Onde eles fazem ronda até que a festa acabe
E porque na favela tem que ser diferente a abordagem
Me entristece a falta de consciência
Se chegassem de boa não teria consequência
Agora quer botar a culpa em adolescente
Que só quer curtir um baile
É tudo gente da gente
E quem tá criticando pode pá
Dizendo que quem procura acha
DZ7 não é lugar
Queria ver de verdade o que cê ia falar
Se um dos falecidos fosse seu familiar
Compreender esse mundão não dá
Onde quem tem função de proteger, tá exercendo a de matar
Já tá na hora de tudo mudar
Quero paz na favela
E respeito por onde eu frequentar
Quem era pra proteger oprime demais
O nosso povo tem direito o funk pede paz
Infelizmente ‘várias vida’ inocente se vai
Dai proteção meu pai

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