A reviravolta no Turismo e o ‘efeito Janja’
Ministra segue no cargo, mesmo depois de ter pedido demissão; pressão do Centrão por espaço no governo aumenta
Nem os assessores mais próximos esperavam o desfecho da reunião da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em dia de votação da reforma tributária, essencial para o governo, a expectativa é de que ela deixasse o cargo – um pedido feito pelo União Brasil, que integra o Centrão. Apesar de entregar o pedido de demissão, não foi o que ocorreu: Lula a manteve no cargo. A troca, contudo, ainda será efetivada, mas depende da conclusão das negociações pela sucessão na pasta.
Segundo integrantes do União Brasil, um dos fatores decisivos foi a relação de Daniela Carneiro com a primeira dama, Janja. O marido da ministra, Wagner Carneiro, prefeito de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, deixou o União em abril e se tornou presidente do Republicanos no estado do Rio de Janeiro. A expectativa é que, em troca do ministério, teria o poder de indicar os diretores do seis hospitais federais no Rio, o gestor do Instituto Nacional do Câncer, e o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
Ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta reforça que Daniela “já colocou o cargo à disposição”, mas o anúncio da troca só ocorrerá “após as conversas se concluírem”.
“Ela já comunicou ao presidente e já tem conhecimento que será indicado um outro nome para ocupar a função”, diz Pimenta.