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A nove dias do fim do mandato, Crivella é preso suspeito de corrupção

Além do prefeito do Rio, a polícia prendeu o empresário Rafael Alves e o delegado aposentado Fernando Moraes, acusados de integrarem o "QG da propina"

Por Sofia Cerqueira Atualizado em 22 dez 2020, 10h12 - Publicado em 22 dez 2020, 07h59

A nove dias de terminar o mandato, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Repúblicanos) foi preso no início da manhã desta terça-feira, 22, em seu apartamento, no Condomínio Península, na Barra da Tijuca, suspeito de corrupção. Em um prédio vizinho, a operação conjunta entre a Polícia Civil e o Ministério Público estadual também prendeu Rafael Alves, um dos articuladores da campanha do bispo licenciado da Universal em 2016 e apontado como o operador do esquema de propina que funcionava dentro da prefeitura. A ação é um desdobramento da Operação Hades, que investiga um suposto esquema de desvio de verba na gestão municipal conhecido como “QG da propina”. Nesta manhã, foram presos ainda o delegado aposentado Fernando Moraes, o ex-tesoureiro Mauro Macedo e os empresários Adenor Gonçalves e Cristiano Stokler. Todos envolvidos na operação de hoje passarão por uma audiência de custódia com a desembargadora Rosa Helena Penna Macedo, que decretou a prisão dos acusados, ainda na tarde desta terça.

A operação, que envolveu a Coordenadoria de Investigação de Agentes em com Foro (CIAF), também tinha como alvo o ex-senador Eduardo Benedito Lopes, que não foi encontrado em casa. As primeiras informações dão conta de que ele teria se mudado para Belém e iria se apresentar à polícia. Como o vice-prefeito do Rio, o engenheiro Fernando Mc Dowell, morreu em 2018, quem deve assumir o comando do município enquanto Crivella estiver preso é o presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felipe (DEM). Pelo menos até o último dia de dezembro, Crivella tem foro privilegiado em função do cargo que ocupa e direito a prisão especial, a exemplo o ex-governador Luiz Fernando Pezão, preso também durante o exercício de seu mandato, em novembro de 2018.

Ao ser acordado pela polícia nesta manhã, o prefeito do Rio, que tentou se reeleger nas últimas eleições e perdeu para Eduardo Paes (Democratas), afirmou que estaria sendo alvo de uma perseguição política e que teria lutado contra a corrupção em sua gestão. O advogado de Crivella, Alberto Sampaio, ingressará com um pedido de habeas corpus na Justiça ainda nesta terça-feira.

O inquérito que resultou nas prisões de hoje está baseado na delação premiada do dolerio Sérgio Mizrahy, preso na Operação Câmbio, Desligo no ano passado. Ele denunciou um esquema que chamou de “QG da propina” que ocorreria dentro da Riotur – a empresa de turismo do município – e indicou o homem de confiança do prefeito, Rafael Alves, como o operador do suposta estrutura ilícita. Segundo a delação, Alves ainda contava com seu irmão, Marcelo Alves, na presidência do órgão, o que teria facilitado toda a operacionalização do desvio de recursos. O doleiro, em seu relato ainda, afirmou que recebia regularmente de Rafael cheques de prestadores de serviço do Município do Rio.

O prefeito, assim como os demais presos, foram levados para a Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, uma estrutura que abriga quinze delegacias especializadas, a Coordenadoria de Recursos Especiais e cinco órgãos da chefia de Polícia Civil.

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