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A cada três presos por ataques no Ceará, um é adolescente

Segundo defensora pública, além de jovens envolvidos desde antes com o crime organizado, outros estão sendo recrutados por dinheiro ou por coação

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 14 jan 2019, 14h43 - Publicado em 14 jan 2019, 13h06

A cada três presos suspeitos de envolvimento com a onda de ataques criminosos no Ceará, um é adolescente, segundo levantamento da Defensoria Pública do estado. Ao todo, 353 pessoas já foram presas. Neste domingo 13, o 12º dia de ataques, uma ponte na BR-116, em Chorozinho, e a sede de um Juizado Especial, na capital, foram atingidas por explosivos.

Há denúncias de que facções criminosas estão ameaçando de morte adolescentes e familiares, além de cooptar jovens e adultos com o pagamento de 1.000 reais pela queima de veículos e até 5.000 reais pela explosão de viadutos.

A defensora Patrícia Sá, supervisora das defensorias criminais, diz que, entre os cerca de 100 menores de 18 anos, existem basicamente três tipos de jovem. “Há aqueles que já tinham envolvimento anterior com a facção e participaram, há os que não têm envolvimento, mas eventualmente foram pagos para fazerem alguns atos criminosos, e outros agem por medo e ameaça das facções.”

Patrícia destaca que a “cooptação e a ameaça são reais”. “Há adolescentes que estão fazendo por coação ou ameaça de serem mortos ou terem suas famílias vitimadas. Alguns deles também fazem parte de famílias expulsas das suas casas por facções”, argumentou.

Entre os adultos, haveria casos de usuários de drogas que estariam tendo as dívidas quitadas com traficantes de drogas por aceitarem atuar nos ataques. A reportagem apurou ainda que foram presos ladrões “comuns” de combustível que estão sendo detidos por suposto envolvimento na facilitação do material para os ataques, porém eles não teriam relação com grupos do crime organizado. Uma mulher teria sido presa no lugar do marido, que estaria vinculado aos atentados, mas não se encontrava em casa no momento da abordagem policial.

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Transparência

Para Beatriz Xavier, presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, falta transparência do governo no detalhamento dos presos. “Meninos de 13 anos estão sendo apreendidos. E, nessas capturas, vemos se repetir uma prática reiterada das polícias de prender gente negra e pobre que está na periferia passando na rua. Ouvimos isso de diversas fontes.”

Beatriz afirma que há muitos casos de adultos que estão sendo detidos sem flagrante. “Prende porque está com tornozeleira ou porque responde a um processo passado. Prende primeiro para saber depois”, afirma.

Procurado, o governo do Ceará afirmou que pauta suas ações pelo absoluto cumprimento da lei e que não pode divulgar detalhes das investigações enquanto elas transcorrem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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