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A agenda intensa de Janja para tentar atrair o eleitorado evangélico

Com discurso centrado em programas sociais e no papel da mulher, primeira-dama tem participado de cultos em templos religiosos

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 out 2025, 06h00

“Talvez Deus tenha tocado meu coração quando disse: ‘Você vai estar nesse lugar de primeira-dama, e acho que talvez o que você pode fazer de melhor seja conversar com as mulheres’ ”, discursou a primeira-dama Janja da Silva diante de um público majoritariamente feminino na igreja batista Família Viva, em Caruaru (PE), no fim de setembro. No evento, exaltou o governo do marido, Luiz Inácio Lula da Silva, cantou louvores e posou para uma infinidade de selfies. Entre as várias referências bíblicas, disse que “Deus nos usa como instrumento”. “Eu me senti como instrumento, de falar do nosso orgulho, do nosso país, um país que a gente quer. As igrejas são esse ponto de apoio para a comunidade”, completou.

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ESFORÇO - Casal presidencial ora com Marco Davi e Eulália Lemos no podcast Papo de Crente: defesa do governo (Reprodução/Youtube)

A pregação de inspiração religiosa no agreste pernambucano não foi um ato isolado na agenda recente da primeira-dama. Nos últimos meses, foram ao menos cinco encontros com representantes do público evangélico. Desde julho, esteve em cultos no Rio, em Salvador, Manaus e Ceilândia (DF) — esta última cidade natal da ex-­primeira-dama Michelle Bolsonaro, que é evangélica e antecedeu Janja no proselitismo político na comunidade. O movimento de Janja é calculado: a um ano da eleição, integra uma estratégia para reposicionar Lula em um segmento em que ele tem enfrentado enorme resistência nos últimos anos.

A movimentação tem sido articulada com o apoio da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, um grupo progressista criado em 2016 e que já apoiou Lula em 2022. Um de seus coordenadores é o pastor Ariovaldo Ramos. Na última eleição, ele foi “porta-­voz” da campanha petista no segmento. Quem tem ciceroneado Janja é Nilza Valéria Zacarias, coordenadora da frente e que atua como conselheira da Presidência da República. Casada com o teólogo e pastor Marco Davi Oliveira, é ela quem organiza os encontros, como a ida com Lula ao podcast Papo de Crente, em setembro. Dois dias depois, em Nova York para acompanhar o marido na cúpula da ONU, Janja participou de mais um culto, desta vez em uma igreja batista no Harlem, bairro que reúne população de menor renda. Por lá, foi apresentada como convidada especial pelo reverendo e aplaudida pelos fiéis.

OPOSIÇÃO - Michelle Bolsonaro em Taguatinga: popularidade entre os fiéis
OPOSIÇÃO - Michelle Bolsonaro em Taguatinga: popularidade entre os fiéis (Eraldo Peres/AP/Imageplus)
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A movimentação de Janja pelos templos tende a crescer. “À medida que a gente vai fazendo, muitas irmãs foram pedindo que os encontros acontecessem em seus estados”, diz Nilza. Para ela, a participação de Janja é fundamental devido à importância feminina entre os evangélicos. “É fundamental ouvir as mulheres que estão nas periferias, porque elas alimentam toda uma rede de assistência. É uma maneira de potencializar o que já é feito, quando essa rede de solidariedade encontra as políticas públicas já existentes”, afirma. O tom é justamente o que tem sido usado por Janja, que não se declara adepta de nenhuma religião. Passando longe da agenda conservadora, focada na pauta de costumes, a estratégia tem sido centrar o discurso nos programas sociais do governo e na posição da mulher na sociedade. A estratégia apresenta boas perspectivas, na avaliação bastante otimista de aliados, sobretudo com a saída de cena de Jair Bolsonaro. “Há um novo campo se abrindo”, acredita o deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), um dos principais apoiadores de Lula.

A direita tem reagido com ceticismo ao movimento, tachado como eleitoreiro e sem perspectivas de sucesso. “Essa gente é marqueteira. Me cite uma mulher com influência que está participando desses encontros. É tudo marketing para produzir mídia para as redes sociais”, critica o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, aliado de primeira hora de Bolsonaro. “Nós defendemos a família, costumes e pátria. E Lula vai de encontro a tudo isso. Já a Michelle é uma potência: é mulher, é evangélica e é conservadora. É imbatível”, afirma.

arte Janja

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Apesar do caminho que tem sido construído, a missão de Janja não se dará sem dificuldades. Pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta 8 mostra que, mesmo com a melhora da popularidade de Lula, o setor evangélico é um dos mais refratários ao petista: 63% desaprovam a atual gestão (veja o quadro). A pregação política da primeira-dama, nesse contexto, é principalmente uma questão de fé.

Publicado em VEJA de 10 de outubro de 2025, edição nº 2965

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