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A beleza é proibida?

Para o novo puritanismo, chamar uma moça de bonita é pecado

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 mar 2020, 18h11 - Publicado em 28 fev 2020, 06h00

Recentemente, a eleição da nova miss Alemanha foi feita por mulheres. Não houve prova de biquíni, tida como sexista pelas feministas. Uma bobagem, na minha opinião. Com o argumento de lutar contra a objetificação da mulher, está-se criando um novo tipo de censura. Qual o problema em uma mulher ser simplesmente bonita? Ou, inclusive, um homem? O tema do concurso era “Empoderando mulheres autênticas”. Nessa toada, onde vão procurar as próximas misses? Nas olimpíadas de matemática? Toda essa conversa não passa de um retorno do puritanismo, agora sob a capa do politicamente correto. É óbvio que existem outras qualidades além da beleza, e que homens e mulheres devem ser valorizados por elas. Mas a cruzada contra a beleza em si vem de longe. São inúmeras as atrizes (não citarei as atuais) que sofreram por ser consideradas um rosto bonito e passaram a vida em tentativas de desglamourização. O grande exemplo é o ícone do cinema americano Marilyn Monroe, morta em 1962. Sucesso em filmes como Os Homens Preferem as Loiras ou Quanto Mais Quente Melhor, Marilyn sentia-se culpada por ser vista somente como um belo corpo. Já famosa, entrou no prestigiado Actor’s Studio para desenvolver a interpretação. Sofria sob o estigma da beleza — como se, em si, essa não tivesse mérito. Mas, calma aí, não tem?

“Se digo que a mulher é inteligente e talentosa, o elogio é bem recebido. Mas, se digo que é linda e gostosa, é uma atitude sexista?”

A beleza feminina é celebrada em prosa e verso há séculos. Segundo a lenda, o pastor Páris foi chamado a escolher, entre Atena, Hera e Afrodite, deusas do panteão grego, qual merecia um pomo de ouro. As três tentaram comprar o voto. Hera garantiu que o tornaria um rei poderoso. Atena ofereceu a ele a sabedoria. Afrodite apresentou-lhe a mulher mais bela do mundo. Páris escolheu a mais bela e deu o pomo a Afrodite. A mais bela era Helena, casada com Menelau, rei de Esparta. Páris, já como príncipe, raptou Helena, o que causou a Guerra de Troia. Até hoje ninguém sabe se Helena de Troia compunha belos versos ou era boa em números. Só se sabe que era bonita e que por ela uma cidade inteira foi destruída. No imaginário da humanidade, mulheres como Helena ocupam um lugar de destaque pela beleza lendária.

Está renascendo um preconceito contra a beleza, que encontra raízes no passado. Se eu digo que uma mulher é inteligente, sensível, esperta, talentosa, o elogio é bem recebido. Mas, se digo que é linda, sexy e gostosa, é uma atitude sexista? No limite, alguém vai me acusar de tentativa de abuso? Corro o risco, do jeito que as coisas estão hoje em dia. Desejar alguém, mulher ou homem, por uma questão física é avaliado como desvio de comportamento. Mas não é assim que as pessoas são? Elas não sentem atração física?

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Mesmo entre os movimentos de empoderamento da mulher existe quem pense de outra maneira. Um perfil feminista no Instagram publicou um post com ilustrações de vários corpos femininos de seios à mostra. Diferentes entre si, pequenos, grandes. E a mensagem: “De todos os jeitos, de todas as formas. Celebre seu corpo!”. É uma bala de canhão no novo puritanismo. E muito saudável.

Publicado em VEJA de 4 de março de 2020, edição nº 2676

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