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O mistério por trás de Momo, a corrente de terror do WhatsApp

Imagem da escultura japonesa é utilizada por diversos números de telefone que se aproveitam para ameaçar os curiosos de plantão

Por Pietra Carvalho
Atualizado em 30 jul 2020, 20h23 - Publicado em 24 jul 2018, 09h55

As teorias da conspiração sobre Momo vêm aterrorizando internautas por todo o mundo. A criatura medonha, que se assemelha a uma ‘mulher-pássaro’, foi compartilhada mais de 8.000 vezes em só um dos inúmeros posts sobre o assunto. Os detetives virtuais identificaram a figura como uma escultura japonesa, inspirada por uma lenda local, mas os desdobramentos da história agora alcançam até mesmo o WhatsApp e abrem discussão para temas bem menos sobrenaturais, como gatilho para fobias e a assustadora – e real – ameaça dos perfis falsos.

Uma obra de arte digna de pesadelos

Momo é na verdade uma escultura, parte da exposição Ghost, da Vanilla Gallery, em Tóquio. Realizada em 2016, a obra segue uma linha tradicional à galeria, que une grotesco e erótico – “ero-guro”, segundo uma definição japonesa que mescla as palavras. O dono, Tatsumi Naito, abriu o salão em 2003, e é responsável por outros estabelecimentos com propostas semelhantes, como um bar temático de terror.

A obra que viralizou tem um contexto tipicamente japonês. É a representação de uma famosa lenda do país, o Ubume. Parte dos chamados youkais, que são seres sobrenaturais perigosos aos humanos, o Ubume incorpora o espírito de uma mulher que morreu durante o parto. A preocupação com o recém-nascido faz com que a mãe se prenda a esse plano, com a habilidade de se transformar em diferentes formas.

A ansiedade quanto ao destino de seus filhos faria com que essas criaturas perambulassem próximo de onde morreram, procurando vivos que a ajudem. A irracionalidade desse medo foi explorada por vários youtubers sul-americanos, em diversos vídeos que rodaram as redes.

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Espírito ganha vida em perfis no WhatsApp

Nos Estados Unidos e no próprio Japão já virou notícia o medo causado pela boneca na América do Sul, principalmente depois que começaram a circular números de telefone, usando o nome e a foto de Momo. Com prefixos de diversos lugares do mundo, os perfis fake até interpretaram Momo em movimento.

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Usuários no Twitter já se mostraram preocupados com o alcance dessas fraudes. Prints das conversas mostram internautas transmitindo dados pessoais aos responsáveis pelas contas falsas, que podem se aproveitar para aplicar golpes nada ficcionais, como sequestros. Mas, na maioria dos casos, as mensagens têm teor informal e irônico.

Correntes de terror: clássicos do mau gosto?

Histórias como essa não são incomuns nas redes sociais. Os veteranos de internet devem se lembrar do famoso Labirinto do Exorcista. No jogo, a pessoa se concentrava em uma bolinha azul, que não podia encostar nas laterais do labirinto. Quanto maior a concentração, mais aterrorizante era o prêmio. Motivo de terror mundo afora, o desafio rendia diversos vídeos de reação.

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Afinal, vídeos como esse podem desencadear traumas? Segundo a psicóloga gaúcha Joselaine Garcia, depende do tempo de exposição e crença da pessoa naquilo a que assiste: “Quando o cérebro percebe uma ameaça, libera dopamina, endorfina e adrenalina para defender o organismo. As substâncias vão para o sangue, preparando o corpo para reação; se o “monstro” é de brinquedo, o cérebro percebe que é pegadinha e suspende essa produção. Liberações rápidas de dopamina provocam reações agradáveis e muito prazerosas, mas quando perduram no organismo causam reações negativas como confusão mental e fadiga.”

Ou seja: desmistificar as figuras por trás dos virais de terror é de extrema importância para evitar desencadeamento de traumas e fobias – e deixar as figuras assombrosas no plano a que pertencem…

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