O inferno pessoal de Richard Jewell retratado em filme de Clint Eastwood
Protagonista de 'O Caso Richard Jewell' é baseado em história verídica e foi de herói a suspeito número 1 do FBI por explosão em estádio

(Richard Jewell, Estados Unidos, 2019. Estreia no país na quinta-feira 2 de janeiro) Demitido primeiro da polícia e depois de um câmpus universitário por causa do zelo muitas vezes excessivo — e não inteiramente legal — no cumprimento do dever, Richard Jewell quer, mais que tudo na vida, provar que merece uma chance de voltar a ser agente da lei. Está determinado a fazer o melhor trabalho possível como segurança dos shows da Olimpíada de Atlanta, na Geórgia, em 1996. Jewell, porém, é obeso, meio simples e, trintão, ainda mora com a mãe. É, enfim, objeto de ridículo constante, e seu alerta de que encontrou uma mochila suspeita debaixo de uma arquibancada do estádio é recebido com irritação pelos patrulheiros presentes ao local: lá vai ele de novo tentando ganhar atenção. O segurança, porém, está certo: trata-se de uma bomba, que explode, matando duas pessoas e ferindo outra centena — um saldo trágico, mas que teria sido muito pior não fosse a intervenção decidida de Jewell. Primeiro elevado a herói pela imprensa e pelas autoridades, e em questão de dias reduzido a suspeito número 1 pelas conclusões apressadas e preconceituosas do FBI e dos jornais, o personagem verídico do novo filme dirigido por Clint Eastwood (aos 89 anos, e firme no batente) viveu um inferno. Desconte-se o agrado ou desagrado com a agenda política de Eastwood: é uma história poderosa e muito bem contada, abrilhantada ainda pela interpretação magnífica de Paul Walter Hauser (de Eu, Tonya) como o personagem-título e por excelentes participações de Sam Rockwell, Kathy Bates, Jon Hamm e Olivia Wilde.