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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Quantas divisões tem um ministro do STF

Como o apoio evangélico sustenta a popularidade de Bolsonaro

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 dez 2021, 14h03 - Publicado em 12 dez 2021, 11h26

A indicação do advogado e pastor presbiteriano André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal é um dos fatores para a resiliência da popularidade do presidente Jair Bolsonaro. Indicado por Bolsonaro por ser “terrivelmente evangélico”, Mendonça toma posse como ministro do STF na quinta-feira, 16, depois de um intenso lobby unificado das igrejas pentecostais. O resultado dessa aliança pode ser medido em pesquisas divulgadas nesta semana e que mostrou que Bolsonaro resistiu ao primeiro mês de campanha do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que tenta crescer se aproximando dos eleitores mais conservadores.

De acordo com a pesquisa Ideia, Bolsonaro só é aprovado por 31% dos brasileiros. Mas entre os evangélicos, esse índice é de 47%, quatro pontos percentuais a mais do que em novembro. A desaprovação do presidente na média é de 53%, mas é de só 38% entre os evangélicos.

Esta barreira religiosa é fundamental para a sobrevivência das chances eleitorais de Bolsonaro. Segundo o Ideia, num eventual segundo turno, Lula da Silva derrotaria Bolsonaro em todas as faixas de idade, classe social, gênero, região do país (exceto Norte) e só perde de goleada em uma faixa, entre os evangélicos.

Os evangélicos são um terço do eleitorado, se repartem em centenas de denominações e não formam um grupo uniforme. Entre 2002 e 2014, uma parte apoiou Lula e Dilma Rousseff, mas em 2018 todos os líderes das igrejas se juntaram em torno de Bolsonaro. As rádios evangélicas e a TV Record são porta-vozes informais do presidente e o apoiaram mesmo durante a pandemia. Quando indicou Mendonça, Bolsonaro disse que pretendia ter um ministro que iniciasse as sessões do STF com um “Pai Nosso”.

Na sabatina no Senado, Mendonça teve de se explicar. “Expliquei a ele (Bolsonaro) que não há espaço para manifestação pública religiosa durante uma sessão do STF”, disse. Depois de aprovado pelos senadores, parafraseou o astronauta Neil Armstrong e disse que sua vitória “era um passo para um homem e um salto para os evangélicos”. Na quinta-feira (09/12), em um culto na igreja do pastor Silas Malafaia, André Mendonça disse que avisou ao presidente da República que, agora, estão “preparados para a cruz”.

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Em entrevista à repórter Andréia Sadi, da Globonews, o líder da bancada evangélica na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, falou sobre a popularidade do presidente:

“Hoje, mesmo que o líder religioso queira apoiar outra candidatura que não seja a do Bolsonaro, ele vai ter muita dificuldade com a membresia porque o Bolsonaro conseguiu verbalizar de uma forma inigualável eu te diria, nem nós evangélicos conseguimos verbalizar como ele. (…) O evangélico não xinga palavrão. Nós não temos o hábito em público e nem reservadamente temos muito cuidado com palavrões. Quando ele, naquela forma bolsonariana de ser que em algum momento xinga palavrão, aquela ira dele, aquele momento de explosão do presidente, traz até uma identidade com evangélicos que não xingamos. Até isso contribui involuntariamente sem ele pensar. É assustador, eu não entendo. Ele conseguiu chegar ao segmento evangélico, nas nossas pautas e na linguagem, que foge ao raciocínio humano, fico tentando entender como ele conseguiu isso. É uma virtude do presidente. Não sei nenhum outro político até evangélico, nós já tivemos candidatos a presidente, a Marina silva é evangélica, em algum momento o pré-candidato Anthony Garotinho… Nunca conseguiu chegar ao segmento evangélico como o presidente Bolsonaro chega. Então, acho que no próximo ano pelo menos a liderança evangélica na sua ampla maioria vai caminhar com ele e o seguimento com certeza”.

Nos anos 1930, a França negociava um pacto de não agressão com a União Soviética e um dos argumentos apresentados pelo representante francês era que o acordo traria a simpatia do papa Pio 11. “O papa? mas quantas divisões militares tem o papa?” eria respondido sarcasticamente Stalin. No Brasil de 2021, são muitas as divisões eleitorais de um ministro do STF. Tanto que, depois da aprovação de Mendonça, Bolsonaro prometeu que se for reeleito irá indicar outros dois ministros evangélicos para o STF.

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