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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Onde estão os empresários?

Prefeitos e governadores precisam de apoio corporativo para decretar lockdowns

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 mar 2021, 18h05

Os empresários brasileiros precisam sair de sua zona de conforto para ajudar governadores e prefeitos a executarem lockdowns reais e rechaçar o discurso eleitoreiro de que as interdições vão destruir a economia. O que está impedindo o Brasil de crescer não são os lockdowns meia bomba baixados até agora, mas o descontrole da pandemia de Covid-19 causado pela falta de ações efetivas. No médio prazo, apenas a vacinação em massa vai ajudar a controlar a propagação da Covid. No curto, apenas o fim das aglomerações nas cidades através dos lockdowns.

Prefeitos e governadores estão com medo de tomar as decisões corajosas e necessárias porque estão sendo pressionados por associações de empresários e pelos negacionistas inflados pelo presidente Bolsonaro. Uns alegam os efeitos terríveis no curto prazo para o endurecimento de medidas, como o fechamento de bares e restaurantes. Outros, organizam carreatas irresponsáveis. Só que o Brasil não chega ao fim do ano se algo drástico não for feito.

O Brasil virou o cemitério do mundo. Em nenhum outro país foram registradas tantas mortes por Covid-19 como no Brasil em março, uma média de 1.800 óbitos por dia. Na quinta-feira, 18, um de cada quatro mortes registradas no mundo ocorreu no Brasil. Os brasileiros estão impedidos de entrar em mais de 150 países por serem considerados um risco sanitário. Com o governo federal boicotando as medidas de prevenção, nada indica que isso vai mudar se não houver uma reação da sociedade.

A pandemia revelou dois grupos de empresários. Há os bem intencionados, como Luiza Trajano que criou com seus colegas a organização Unidos pela Vacina para ajudar na compra e distribuição de imunizantes. A intenção é boa, mas por enquanto inútil. Os laboratórios vendem lotes de dezenas de milhões de doses para governos, não para ONGs empresariais. Além do mais, nenhum grupo empresarial brasileiro tem a logística e expertise do Sistema Único de Saúde para distribuir e vacinar.

Se tem pouco a ajudar na vacinação, esses empresários têm um poder de influência decisivo junto às entidades para apoiar as decisões de prefeitos e governadores nos lockdowns. Nenhuma decisão oficial pedindo ou ordenando a redução da jornada de empresas vai dar certo sem a colaboração dos patrões e aí os bons empresários podem fazer toda a diferença.

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É importante que os empresários declarem o seu apoio às medidas de interdição baseadas em diretrizes científicas. Eles poderiam estar ao lado dos prefeitos e governadores nas entrevistas, ajudar nas companhas publicitárias sobre os motivos sanitários das restrições, cotizar a compra de analgésicos e insumos hospitalares. É fundamental que os bons líderes empresariais discutam para que as entidades não recorram à Justiça e que usem seus fundos para ajudar as pequenas empresas a não demitir.

Quando a pandemia chegou, os empresários brasileiros mostraram uma solidariedade inédita. De acordo com o Monitor das Doações, entre abril e julho de 2020, as companhias doaram R$ 6 bilhões para ajudar de pesquisas científicas pela vacina à distribuição de comida para miseráveis. Só que o ímpeto acabou. De julho até dezembro, as doações se reduziam a R$ 480 milhões. Em janeiro e fevereiro deste ano, último dado disponível, foram doados apenas R$ 42 milhões. O interesse do empresariado em ajudar quem está sofrendo com a pandemia está se esvaindo.

Existe, como em todo lugar, a turma do quanto pior, melhor. São empresários como Luciano Hang e Carlos Wizard, que tentam furar a fila da vacinação, para que seus funcionários sejam imunizados antes de pessoas do grupo de risco. Quantos cadáveres serão necessários para entenderem que não há saída fácil, 500 mil? Não vai haver consumidor na Havan, nem aluno na Wizard se todos estiverem mortos.

Por isso, é hora de quem sabe liderar, mostrar a que veio. Não é uma questão estar do lado ou contra o presidente Jair Bolsonaro. Essa é uma discussão passada. A questão é diferenciar quem quer evitar mais mortes e quem não se importa com isso.

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