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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O valor do Centrão subiu

Negociação do Ministério da Educação mostra a fragilidade de Bolsonaro. Só que ninguém compra o Centrão. Só aluga

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 jun 2020, 15h58 - Publicado em 22 jun 2020, 15h52

Para todo problema de um presidente em apuros, o Centrão tem a solução. O Centrão é o nome dado à geleia de partidos que está sempre disposta a apoiar o governo de plantão em troca de cargos e emendas. Jair Bolsonaro se elegeu prometendo tirar o grupo do lugar, mas agora, com medo de um processo de impeachment, foi se socorrer na velha turma do dando-que-se-recebe.

Primeiro, o presidente recriou o Ministério das Comunicações para agradar a Silvio Santos e dar as verbas de publicidade para o Centrão gerenciar. Agora, ele negocia dar a outro indicado do grupo, o secretário do Paraná, Renato Feder, o cargo de ministro da Educação. Isso sem contar as dúzias de cargos que Bolsonaro já entregou, da distribuição de merendas ao Banco do Nordeste, da compra de material hospitalar ao programa de combate à seca. Pense em um escândalo no Brasil nos últimos trinta anos e sempre você vai encontrar um personagem do Centrão. Emenda da reeleição? Sim. Mensalão? Sim. Lava Jato? Sim. JBS? Sim. Agora vai ser diferente? Veremos.

Uma característica do Centrão é que seu valor é como o dólar, varia conforme as condições. Dois meses atrás, quando a pandemia começou a minar a popularidade de Bolsonaro, os generais Luiz Ramos e Braga Netto achavam que poderiam reunir o apoio de 200 deputados do Centrão em troca de estatais e cargos de segundo escalão. Por que 200? Porque num eventual processo de impeachment, o presidente precisa de 172 votos para se manter no cargo.

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Só que neste meio tempo, Bolsonaro afundou e o valor dos votos do Centrão subiu. Os inquéritos no Supremo Tribunal Federal sobre a distribuição de notícias distorcidas (fake news) e atos pela ditadura revelam uma trilha de dinheiro sujo para financiar youtubers, disparos em massa de mensagens pelo WhatsApp e comícios bolsonaristas. Onze parlamentares bolsonaristas e cinco empresários tiveram os seus sigilos bancários quebrados. E depois ainda veio a prisão de Fabrício Queiroz, o faz-tudo da família presidencial. Na defensiva, o presidente precisa mais ainda da segurança de 200 votos, mas o preço subiu. Os Ministérios das Comunicações e da Educação são só o início. O apetite dos partidos do Centrão aumenta com a fraqueza do presidente.

Só que o amor do Centrão é volúvel. Vale lembrar uma historieta sobre o PP, hoje rebatizado de Progressistas, durante o impeachment de Dilma Rousseff. Ao longo dos governos Lula e Dilma, o PP dominava o Ministério das Cidades. Pois bem, quando Dilma e Michel Temer disputavam voto a voto o processo de impeachment, o PP exigiu ter além das Cidades, a presidência da Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde. E assim, o partido que passou nove anos ao lado do PT trocou de lado. Moral da história: como se diz em Brasília, ninguém compra o Centrão. Só aluga. A dúvida agora é por quanto tempo Bolsonaro terá a fidelidade dessa turma.

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Acharam o Queiroz. E perto demais Leia nesta edição: como a prisão do ex-policial pode afetar o destino do governo Bolsonaro e, na cobertura sobre Covid-19, a estabilização do número de mortes no Brasil ()
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