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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O seguro-impeachment de Bolsonaro

Entre negociar com um presidente fraco e um Mourão imprevisível, os deputados preferem o primeiro

Por Thomas Traumann
27 abr 2020, 17h53

A versão de que a saída do ministro Sergio Moro do governo iria apressar um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro não durou um fim de semana. Hoje, em sua primeira entrevista pós-queda de Moro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, única pessoa responsável por aceitar ou recusar os processos de impeachment, foi rápido ao tirar da Câmara o papel de investigadora das denúncias de interferência presidencial na Polícia Federal.

Disse Maia: “Acho que todos esses processos (impeachment e CPIs) precisam ser pensados com muito cuidado. Devemos ter paciência e equilíbrio e não ter açodamento. O doutor Aras (se referindo ao procurador-geral Augusto Aras) abriu uma investigação. Certamente vai chegar a um resultado. Certamente, conduzida pelo ministro Celso de Mello (do STF), a investigação terá resultados”. Ou seja, a Câmara não irá reverberar e manter as denúncias de Moro contra o presidente em destaque, a não ser que as investigações da PGR tragam novos fatos. Diante do que se sabe sobre a boa vontade da PGR com o presidente, essa crise política está enterrada.

Mas por que a Câmara está renunciando à oportunidade de ir na jugular do presidente, no momento de maior fraqueza do governo? O motivo mais venal é a Porta da Esperança aberta pelos ministros da Casa Civil, general Braga Neto, e da Secretaria de Governo, general Luiz Ramos, de ofertar cargos no governo aos congressistas. É a volta do velho toma-lá-dá-cá que Bolsonaro tanto denunciava na campanha. Os partidos vão primeiro ouvir quais cargos o governo está oferecendo para depois se posicionarem. A pressa agora é do Planalto.

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Outros são motivos históricos. Os impeachments de Fernando Collor e Dilma Rousseff ocorreram na coincidência de (1) escândalos, (2) recessão brutal, (3) manifestações de rua e (4) minoria presidencial no Congresso. O primeiro ponto está dado, o segundo é questão de tempo, o terceiro será impossível em tempos de pandemia e o último Bolsonaro pode evitar se obtiver a adesão do Centrão.

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Há, porém, um quinto elemento. Nos dois processos exitosos de impeachment, tanto Itamar Franco quanto Michel Temer eram políticos profissionais, haviam passado décadas no Congresso e sabiam tudo de acordos políticos. O vice de Bolsonaro é o general Hamilton Mourão, que duas vezes foi punido por discursos contra presidentes civis e políticos em geral.

Em 2015, quando era Comandante Militar do Sul, ele defendeu o impeachment de Dilma alegando que “a vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção”. Ele disse ainda que “a maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos intelectuais próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar grandes ilusões”.

Em 2017, Mourão foi para a reserva depois de declarar que Temer governava “aos trancos e barrancos buscando se equilibrar e mediante o balcão de negócios chegar ao final de seu mandato”. Antes, o general havia defendido uma intervenção militar nos seguintes termos: “Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós (as Forças Armadas) teremos que impor isso”.

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Só depois de eleito é que Mourão passou a transparecer um militar mais ponderado e menos ideológico que Bolsonaro.

Entre negociar com um Bolsonaro fraco e um Mourão imprevisível, os deputados preferem o primeiro. Mourão é o seguro-impeachment de Bolsonaro.

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