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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O recado americano

Depois de trocar embaixador, governo Biden congela negociações de ajuda financeira a Bolsonaro

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
15 jun 2021, 14h59

O governo Biden decidiu congelar as negociações sobre apoio financeiro às ações de combate ao desmatamento da Amazônia até uma definição sobre o futuro do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, informaram fontes do Departamento de Estado. Os americanos temem serem usados pelo ministro para se manter no cargo enquanto é investigado pela Polícia Federal por ajudar a exportação de madeira extraída ilegalmente da Amazônia. A possibilidade de aporte de dinheiro americano é o principal incentivo ao Brasil para reduzir a devastação na Amazônia que quebra recordes sobre recordes desde a chegada de Jair Bolsonaro ao poder.

O inquérito que envolve Salles foi aberto a partir de informações da Embaixada sobre a fraude nos documentos de entrada de 74 toneladas de madeira de espécies nativas da Amazônia, como angelim, cedro, jatobá, maçaranduba com destino aos portos de Nova Orleans e Seattle. De acordo com as investigações da PF, as autorizações haviam sido forjadas pelo presidente do Ibama que em 2020 mudou uma portaria de 2011 apenas para liberar a carga. Salles teria concordado com a autorização. Ambos negam as denúncias.

No começo do ano, Salles foi investigado pela PF por ter publicamente interferido para a liberação de R$60 milhões em toras de madeiras aprendidas na região de Santarém, no Pará. O STF permitiu que a PF tivesse acesso às contas bancárias de Salles e do seu escritório de advocacia sob suspeita de corrupção.

Chamado de “senhor motosserra” entre os assessores do secretário especial de Meio Ambiente dos EUA, John Kerry, Salles é a ponta do iceberg dos problemas brasileiros em Washington. Em abril, na Cúpula do Clima promovida pelo presidente Joe Biden, Bolsonaro fez promessas de aumentar a fiscalização contra ações ilegais na Amazônia e reduzir o desmatamento. Nas semanas seguintes ao evento, o presidente contingenciou verbas de fiscalização, interrompeu as ações do Exército contra madeireiros e manteve Salles no cargo apesar do inquérito da Polícia Federal. Em maio, foram desmatadas na Amazônia 40% a mais de áreas de florestas do que em 2020, que já era considerado o pior ano da década.

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Fontes em Washington qualificaram como “ofensivo” o descaso de Bolsonaro com os compromissos que assumiu na Cúpula do Clima.

A Cúpula do Clima havia sido uma tentativa do governo Biden de tratar Bolsonaro como um aliado normal, sem levar em conta o seu retrospecto antiambiental e visceralmente pró-Trump. Parte dessa tática deve-se ao embaixador americano em Brasília, Todd Chapman, que virou amigo da família Bolsonaro. Na semana passada, Chapman anunciou a sua aposentadoria depois de perceber que (a) seu trabalho era considerado no Departamento de Estado como “propaganda” de Bolsonaro; (b) ele seria substituído no final do ano; e (c) não teria outro posto da mesma importância.

A troca do embaixador e o congelamento das negociações de meio ambiente apontam para um novo momento nas relações entre Brasil e EUA. O tempo do bolsonarismo festivo de Todd Chapman acabou e o seu substituto tentará abrir conversas com opositores. Há forte preocupação em Washington com as ameaças de Bolsonaro de não aceitar uma derrota nas urnas em 2022.

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