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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)

O presidente adoece isolado

A primeira reação à notícia da contaminação de Bolsonaro mostra a mágoa da militância digital

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 jul 2020, 15h28 - Publicado em 7 jul 2020, 16h26

Há um grande ausente no anúncio da contaminação do presidente Jair Bolsonaro por Covid-19. Estava no pátio do Palácio do Alvorada o presidente, ainda minimizando a doença como uma gripezinha, os jornalistas, se equilibrando entre a busca da notícia e o medo da contaminação, e alguns assessores. Faltava o maior ícone do bolsonarismo, a militância.

Bolsonaro é o político brasileiro que melhor sabe navegar nas redes sociais. Ele e seus filhos entendem que a política digital são ondas de emoção, sem lugar para ponderações e doisladismos. Nas redes, a política é feita de amor e ódio, de rancores e maldições, de Fluminense e Flamengo.

Em setembro de 2018, quando Bolsonaro sofreu atentado, foram as redes que catalisaram a sua candidatura num misto de sensações de injustiça, religiosidade e ódio ao adversário. A força da militância digital daqueles dias tornou Bolsonaro invencível.

E agora, nada. O presidente anunciou estar contaminado com um vírus que já matou 60 mil brasileiros e a reação nas redes variou entre gracejos mórbidos e desejos de melhoras protocolares. Não se assistiu a corrente de solidariedade que os Bolsonaros eram capazes de atrair até mesmo quando ameaçam empurrar o País para um golpe militar.

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Só depois de algumas horas do anúncio vieram as hashtags de #ForçaBolsonaro e os repúdios àqueles que desejaram a morte do presidente. Mas já eram ações coordenadas, sem a naturalidade que um líder popular quanto Bolsonaro teria obtido em outros tempos. Há algo errado na engrenagem digital bolsonarista.

Desde a prisão de Fabrício Queiroz, Bolsonaro foi forçado tentar caber no figurino do pragmatismo. Suas atitudes recentes diminuíram as tensões com o STF, o Congresso, o empresariado e a mídia, mas causaram revolta entre os bolsonaristas raiz, aqueles que escrevem nas redes tudo o que o presidente pensa de verdade sobre o STF, o Congresso, o empresariado e a mídia.

Com Queiroz preso, Bolsonaro despachou o radical Abraham Weintraub para os EUA e tentou mudar o desenho do Ministério da Educação. Não conseguiu justamente pela falta de apoio dos bolsonaristas de raiz. A milícia digital não ajudou o presidente quando o recém-indicado ministro Carlos Decotelli foi flagrado com o currículo inflado. E atiçou a fogueira para impedir a posse do outro convidado para o Ministério, Renato Feder. Para usar uma metáfora do gosto presidencial, o casal está brigado.

Bolsonaro sem sua militância digital é um político pela metade. Que essa militância tenha lhe faltado num momento de doença é um sinal de fraqueza.

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