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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O ministro vai ficando

Apesar das críticas sobre fundo de investimento no Exterior, Guedes deve permanecer no governo Bolsonaro

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 out 2021, 14h09

O ministro da Economia, Paulo Guedes, não vai sair do governo Bolsonaro. O conflito iniciado com a revelação de que o ministro mantinha ativo um fundo de investimento no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas vai ser escanteado pelo presidente que não tem um sucessor para o cargo. Como Jair Bolsonaro disse no dia 27 de setembro, antes da divulgação do caso da offshore, “se for para trocar tem que trocar por alguém com uma política diferente da dele”. Como Bolsonaro não tem essa opção a mão, Guedes vai ficando.

Guedes reconheceu publicamente duas vezes que quase deixou o governo Bolsonaro, ambos em disputas sobre o controle do orçamento. Um ministro civil e outro militar que acompanham o presidente desde o primeiro dia calculam que presenciaram pelo menos outras três conversas sobre a substituição, mas todas pararam quando se iniciava a sugestão de nomes. O único substituto que Bolsonaro gosta é o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que (a) está feliz onde está; (b) tem lealdade a Guedes; e (c) quando sondado, respondeu: “para que iam me chamar se eu concordo com tudo que o Paulo faz?”

Sem a possibilidade de Campos Neto, a primeira opção de Bolsonaro seria o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, o favorito em um eventual segundo mandato. Com boas relações no mercado depois de fazer o modelo da privatização da companha de águas Cedae, Montezano conseguiu tirar o banco do noticiário na cloroquina econômica da caixa-preta dos empréstimos internacionais. Ainda por cima, Montezano é amigo do senador Flavio Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro. Com Montezano, a política guedista seria continuada.

A segunda opção de Bolsonaro é o presidente da Caixa Econômico Federal, Pedro Guimarães, que transformou o banco em um comitê eleitoral. Com Guimarães, a Caixa ampliou sua capilaridade pagando os 70 milhões de beneficiários do Auxílio Emergencial, reformou o Minha Casa Minha Vida e abriu um crédito de R$ 1 mil para ganhar votos em 2022. Guimarães é a escolha óbvia de Bolsonaro se quiser encerrar o guedismo.

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Possivelmente no final do mês, Guedes terá de ir à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado explicar as atividades financeiras do seu fundo nas Ilhas Virgens. De acordo com o site Poder360, Guedes irá apresentar documentos de que havia contratado uma empresa para tomar decisões de investimentos do fundo enquanto estava no governo. É curioso que o ministro não tenha vindo a público dar essas explicações no domingo, quando o caso foi divulgado, o que teria enterrado o episódio logo de saída. Mas a incompreensão de Guedes sobre o funcionamento da comunicação é um tema a ser estudado no futuro.

Guedes fica, mas fica ainda mais fraco. O seu papel de formulador da política econômica se esvaiu e seus projetos de reformas são alterados de tal forma pelo Congresso que custa mais barato aos cofres públicos deixar as coisas como estão do que tirar as ideias do papel. A gestão Guedes perdeu o controle da inflação, da credibilidade fiscal e não tem perspectiva de crescimento. Nesse cenário, ter um fundo de investimento no Exterior parece um defeito menor. Um defeito menor de um ministro menor.

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