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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O ministro que parou Bolsonaro

Pela primeira vez, uma nota oficial deu um limite ao presidente

Por Thomas Traumann
Atualizado em 30 jul 2020, 18h57 - Publicado em 4 Maio 2020, 18h26

Sai domingo, entra domingo, o presidente Jair Bolsonaro ameaça ultrapassar os limites do cargo e da Constituição. Cada semana, ele avança mais e neste domingo, 3, disse ter a seu lado “o povo e as Forças Armadas” ao dar seu apoio a mais uma manifestação pela intervenção militar, pelo fechamento do Congresso e do Supremo e pela supressão da liberdade de imprensa. Ato contínuo, entidades divulgam notas de repúdio inúteis, o presidente se diz incompreendido e a vida segue. Mas, pela primeira vez, uma nota oficial deu um limite ao presidente. A nota foi de um general.

Assinada pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, depois de consultas com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, a mensagem é cautelosa, mas constrange o presidente. Ela inicia com uma constatação óbvia, “as Forças Armadas cumprem a sua missão Constitucional”, e segue com o primeiro recado: “Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado”, portanto não pertencem a um governo específico. 

O texto enquadra as manifestações pró-ditadura como “liberdade de expressão”, mas condena as agressões dos bolsonaristas aos repórteres e fotógrafos que cobriam o evento – postura que o presidente se recusou a fazer.

O ponto principal da nota é apontar ao presidente que a prioridade do governo deveria ser o combate ao coronavírus. “Enfrentamos uma pandemia de consequências sanitárias e sociais ainda imprevisíveis, que requer esforço e entendimento de todos”, diz o ministro. É um recado claro a um presidente que (1) minimizou o coronavírus como ‘gripezinha’, (2) incentivou o desrespeito à quarenta, (3) boicotou até demitir o ministro da Saúde que seguia as normas internacionais, (4) não demonstrou empatia com as vítimas do Covid-19 e (5) tenta jogar no colo de prefeitos e governadores a responsabilidade pelos mortos, com finalidade eleitoral.

As Forças Armadas têm uma relação complexa com o presidente. Soldados, sargentos e oficiais de baixo escalão têm em Bolsonaro um herói. Possivelmente apoiariam uma aventura extra-constitucional do presidente. Os oficiais superiores, no entanto, não menos dóceis. No início do governo, o general Santos Cruz achava que poderia submeter Bolsonaro a um colegiado de generais. Terminou demitido de forma humilhante.

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 Hoje, grosso modo, convivem dois grupos. Parte – como os ministros generais Luiz Ramos (Secretaria de Governo) e Braga Neto (Casa Civil) – considera que para a sociedade o capitão Bolsonaro será sempre um militar e que é um dever do Exército influenciar os rumos do governo. Parte – como os comandantes do Exército, general Edson Pujol, e da Marinha, almirante Ilques Barbosa Junior – acha que as Forças precisam se distanciar para não serem confundidas com as opiniões de Bolsonaro. No domingo, surgiram rumores de que o presidente substituiria um dos resistentes, o general Pujol. A mensagem do ministro Azevedo torna essa substituição quase impossível.

Capitão convidado a se retirar do Exército por planejar um atentado contra um quartel e num reservatório de água, Bolsonaro é um político bélico. Ele estica a corda e recua, mas sempre em uma posição mais avançada do que estava inicialmente. Foi assim nas demissões dos ministros da Saúde e da Justiça, nas brigas com os antigos aliados nos governos de São Paulo e Rio e na conturbada relação com o STF e Congresso. Só o ministro da Defesa conseguiu parar Bolsonaro. Por enquanto. 

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