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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O aceno de Lula aos militares

Ex-presidente procura ex-ministro da Defesa para negar “revanchismo”

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 jul 2021, 11h20

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a seu ex-ministro da Defesa Nélson Jobim para reabrir pontes com as Forças Armadas. Líder nas pesquisas para a eleição de 2022, Lula tem externado sua preocupação com as ameaças consecutivas do presidente Jair Bolsonaro de não aceitar uma eventual derrota. O ex-presidente acredita que Bolsonaro só irá desistir de um rompimento institucional se não tiver o apoio das Forças Armadas.

De acordo com dois interlocutores informados sobre a conversa com Jobim, Lula afirmou que o seu eventual terceiro governo não irá perseguir os que hoje atuam com Bolsonaro. É uma bandeira branca. Dois generais da reserva consultados por VEJA dizem que hoje motor de apoio a Bolsonaro entre os oficiais é o temor de um suposto “revanchismo do PT”.

Na conversa com Jobim, Lula recordou que no seu governo a Marinha iniciou o projeto do submarino nuclear, a Aeronáutica iniciou a concorrência dos caças FX e o pela primeira vez o Exército comandou uma operação da ONU, no Haiti.

Bolsonaro fez das ameaças de golpe um estilo de governar. Bastar se sentir pressionado para sacar um “o meu Exército” e insinuar que poderia usar tanques contra decisões do Supremo Tribunal Federal, do Congresso ou das urnas. Na semana passada, com cinco pesquisas confirmando que três de cada cinco brasileiros nunca votariam pela sua reeleição, o presidente entrou em modo desespero. Ele poderia aproveitar os próximos doze meses para melhorar o governo e, assim, convencer os eleitores que merece uma nova chance. Ou pode usar as Forças Armadas e as Polícias Militares para intimidar a sociedade.

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Na semana passada, junto com as pesquisas, surgiram três sinais de que Bolsonaro pode estar preferindo a opção golpista. A primeira do próprio presidente: “Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, declarou o presidente a apoiadores, se referindo à possibilidade de o Congresso não aprovar a sua proposta de imprimir os votos da urna eletrônica. Na quinta-feira, o ministro da Defesa e os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica divulgaram nota acusado o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, de ter desrespeitado as Forças Armadas e generalizado esquemas de corrupção – uma tentativa de chamar o Legislativo para um impasse institucional. Na sexta-feira, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, fez novas ameaças aos senadores em entrevista ao jornal O Globo.

O risco de um rompimento institucional foi real em abril de 2018, quando o então comandante do Exército, general Eduardo Villas-Bôas, postou um tuíte durante o julgamento do STF sobre o pedido de habeas-corpus do ex-presidente Lula. Os ministros do STF votaram de acordo com o general e Bolsonaro foi eleito. Em junho de 2020, Bolsonaro partiu sobre os mesmos ministros do STF por eles não terem dado ao presidente o poder de impedir o lockdown nas cidades e Estados. A intimidação do STF foi não foi à frente porque o ministro da Defesa e os comandantes do Exército e Marinha à época negaram apoio. Em março deste ano, Bolsonaro trocou os três, além de colocar na Força Aérea um dos raros brigadeiros bolsonaristas.

Qualquer avalição sobre a conjuntura política brasileira precisa levar em consideração que existe um risco de ordem presidencial de ação militar contra o STF, o TSE ou o Congresso. Se esta ordem será cumprida ou não vai depender de como os políticos, a elite e a sociedade reagirem aos alertas.

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