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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Militares reagem à intimidação de Bolsonaro

Queda de comandantes mostra resistência ao uso eleitoral dos quarteis

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 mar 2021, 13h57

A renúncia dos três comandantes das Forças Armadas no dia seguinte à demissão do ministro da Defesa torna pública a maior crise militar em 26 anos de democracia. Hoje pela manhã, em sua primeira e única reunião com o novo ministro da Defesa, general Braga Neto, os agora ex-comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, da Marinha, almirante Ilques Barbosa, e da Aeronáutica, Moretti Bermudes, afirmaram que não aceitariam o uso político e eleitoral das Forças Armadas. A reunião teve vozes alteradas, ameaças por parte do novo ministro e críticas nominais ao presidente Jair Bolsonaro.

As demissões mostram que é latente a resistência de parte das Forças Armadas à intenção de aparelhamento. Consultados por VEJA, generais da ativa dizem temer que o presidente use a estrutura das Forças para sua campanha à reeleição, incentivando os quarteis a recusem resultado eleitoral em 2022 que não a vitória do bolsonarismo. O impasse surge no dia anterior ao aniversário do golpe de 1964, o qual o presidente Bolsonaro pretende comemorar como uma vitória da democracia.

Na reunião de hoje com Braga Neto, o general Pujol chegou determinado a pedir para sair, mas seus colegas aguardavam o tom da conversa para decidir. Quando ouviram de Braga Neto que na sua gestão as Forças Armadas teriam um papel “mais ativo” em defesa do governo, o clima ficou tenso. De acordo com os repórteres Dida Sampaio e Felipe Frazão, do Estadão, o mais exaltado foi o almirante Ilques Barbosa, da Marinha, com reações que beiraram à insubordinação

Os três ex-comandantes conversaram por horas ontem à noite depois que o Palácio do Planalto vazou para a imprensa que a surpreendente demissão do ex-ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, estava vinculada à sua recusa em “demonstrar fidelidade ao presidente”. Por essa expressão, Bolsonaro queria dizer que Azevedo deveria ir às redes sociais defender o governo, como revelou a repórter Andréia Sadi, incluindo uma intimidação ao Supremo Tribunal Federal por ter anulado as condenações ao ex-presidente Lula, repetindo o gesto do ex-comandante Villas Bôas, no julgamento que ordenou a prisão do petista em 2018.

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Bolsonaro já estava insatisfeito com Azevedo por não ter demitido o comandante general Pujol em novembro, quando ele afirmou que “os militares não querem política nos quarteis” e o general Paulo Sergio que em entrevista ao jornal Correio Braziliense no último domingo disse que o Exército se preparava para uma terceira onda de Covid, concordando com conceitos científicos opostos ao negacionismo bolsonarista.

A substituição dos chefes das três Forças sem ser em uma mudança de mandato é inédita na história recente. Trocas nos comandos obedecem a protocolos de antiguidade e previsibilidade que são caras à tradição militar. O novo ministro terá dificuldades em encontrar substitutos que não aparentem ser novos generais Pazuellos, o ex-ministro da Saúde que, em outubro, depois de o presidente ter cancelado a compra de vacinas, declarou que “é simples assim: um manda, outro obedece”

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