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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Como Alckmin explica as diferenças na campanha Lula

Ex-presidente quer negociar com o centro agora. Parte do PT, só depois das eleições

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 dez 2021, 13h11 - Publicado em 13 dez 2021, 10h09

Por ironia, o primeiro comício de Lula da Silva como candidato foi na Argentina. Na sexta-feira, na festa dos 38 anos da volta da democracia argentina, Lula discursou para dezenas de milhares na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, ao lado do presidente, Alberto Fernández, da vice, Cristina Kirchner, e do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica. “A volver, a volver”, cantaram os peronistas quando Kirchner citou Lula. O discurso de Lula foi o arroz-com-feijão da defesa da integração sul-americana, mas houve teste eleitoral claro: Lula passou a tratar Bolsonaro e Moro como uma coisa só. “Bolsonaro é fascista. Moro é neofascista. Eles vão ter que lutar entre si para ver quem vai para o segundo turno com o PT”, disse Lula ao jornal Página 12.

A tática do ex-presidente é simples: ao igualar os dois adversários como extremistas, Lula se coloca como o candidato mais ao centro entre as opções viáveis. Para esta marcação de território ficar verossímil ao longo da campanha, Lula precisa ter um vice moderado e, por isso, ele tem insistido tanto nas conversas para atrair o ex-governador e fundador do PSDB Geraldo Alckmin.

Depois que o PSB passou a exigir que o PT o apoiasse para o governo de São Paulo em troca de abrigar Alckmin, Lula pediu que o partido Solidariedade oferecer lugar para o ex-governador. O convite foi feito publicamente pelo dono do Solidariedade, Paulinho da Força, na sexta-feira (10/12). Parte mais à esquerda do PT é contra o acordo com Alckmin.

Em entrevista cautelosa ao blog de esquerda Opera Mundi, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad disse que os petistas “precisam confiar no Lula” e que não houve discussão interna quando o José Alencar foi escolhido vice em 2002 ou Dilma Rousseff candidata a presidente em 2010.

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Líderes importantes do PT, como o ex-presidente Rui Falcão, já se declararam contra a aliança. “Alckmin viria por qual partido? Para fazer o quê? Com qual programa? E a simbologia? O Pinheirinho (área da cidade de São José dos Campos desocupada em janeiro de 2012 durante ação da PM marcada por denúncias de violência), as brigas com professores, as quatro gestões de privatizações e de arrocho? Essa é a herança dos tucanos aqui em São Paulo. O fato de ele sair do PSDB não apaga essa história — afirmou Rui Falcão, ao jornal O Globo.

A diferença é que o PT que está hoje com Lula sobreviveu ao mais intenso tiroteio do período democrático. Milhares de petistas foram demitidos do governo federal e perseguidos nas gestões Temer e Bolsonaro. Outros tantos, tiveram dificuldades no mercado privado pelo simples fato de haverem trabalhado nas gestões do PT. Até Lula recuperar seus direitos políticos, aliados tradicionais como o PDB, Ciro Gomes e o PCdoB planejavam seu futuro longe dos petistas, acusados publicamente de terem inviabilizado uma frente eleitoral em 2018.

Certos ou não, esses sobreviventes dos tempos de vacas magras querem uma revanche, fazer as coisas do seu jeito. Isso implica em não conceder espaços para aliados, como o PSB, ou moderar o discurso para agradar fatias da elite econômica. Psicologicamente é compreensível, mas os fatos devem terminar se impondo. Mesmo se houver uma avalanche vermelha em 2022, o PT e seus aliados de esquerda serão minoritários no Congresso e terão de negociar para governar. A diferença entre o que Lula e o PT querem é esse: o ex-presidente quer negociar essa governabilidade agora, firmando o maior número possível de alianças. O PT acha melhor negociar depois da eventual vitória eleitoral, em uma posição de força.

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