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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Com Bolsonaro, o inimigo da PF agora é outro

A ação da PF contra Witzel tem elementos corretos, mas gera desconfianças de ação política

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 18h54 - Publicado em 26 Maio 2020, 16h47

Antes das 7h desta terça, 26, um helicóptero da Polícia Federal sobrevoou o bairro de Laranjeiras, no Rio, para acompanhar uma operação de busca e apreensão de documentos no palácio residencial do governador Wilson Witzel. A presença desnecessária da aeronave cumpria o objetivo de transformar o inquérito sobre a apuração de suspeitas de corrupção em um espetáculo midiático, com a diferença de que o inimigo agora é outro. Saem de cena os petistas, tucanos e emedebistas enrolados na Lava Jato para entrarem os adversários políticos do presidente Jair Bolsonaro.

Existem evidências de irregularidades nas licitações do governo do Rio envolvendo a organização social Iabas, responsável pela construção dos hospitais de campanha, ainda não entregues, ao custo de R$ 835 milhões. A ação na casa particular e na residência oficial do governador, segundo a PF, se deve a um contrato entre o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, e a empresa DPAD Serviços Diagnósticos Limitada, cujo sócio é acusado de ser um dos operadores na compra de respiradores superfaturados. Dois subsecretários do estado já foram presos acusados de superfaturar contratos emergenciais durante a pandemia. No inquérito da PF há vários depoimentos de envolvidos no esquema citando a relação do governador Witzel com empresários e gestores. 

Combater a corrupção não é a principal função da PF, mas foi com ela que a corporação assumiu um papel inédito no imaginário popular. Filmes como A Lei É Para Todos e minisséries como O Mecanismo retrataram delegados e agentes como servidores heroicos em defesa da moralidade pública. Com o governo Bolsonaro, essa imagem ruiu.

As investigações da PF no Rio corriam há três meses, quando Sergio Moro ainda era ministro da Justiça e Maurício Valeixo o diretor da Polícia Federal. Mas foi com a demissão dos dois e a posse hoje do novo superintendente da PF no Rio, Tacio Muzzi Carvalho e Carneiro, que a ação contra Witzel saiu do papel. 

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Eleito governador com apoio de Bolsonaro, o ex-juiz Witzel é hoje tratado no Palácio do Planalto como o inimigo que controla as investigações que envolvem o filho mais velho do presidente, o senador Flavio Bolsonaro, no inquérito sobre as rachadinhas dos salários de servidores da Assembleia Legislativa e do envolvimento de milicianos próximos à família Bolsonaro com a morte da vereadora Marielle Franco. Se Bolsonaro pudesse escolher um adversário político para detonar, Witzel seria certamente o primeiro da lista. 

Na segunda-feira, 25/05, a deputada bolsonarista Carla Zambelli antecipou à Rádio Gaúcha que, com a saída de Moro, a PF faria operações contra governadores em inquéritos sobre desvios nas verbas de saúde. “A gente já teve algumas operações da Polícia Federal que estavam ali, na agulha pra sair, mas não saiam (com Moro como ministro). E a gente deve ter nos próximos meses, o que a gente vai chamar talvez de Covidão ou não sei qual vai ser o nome que eles vão dar. Mas tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal”, disse a deputada. Além do Rio de Janeiro, Zambelli disse que a PF investiga os governadores de São Paulo, Ceará e Pará – três dos mais críticos a Bolsonaro.

Bolsonaro derrubou Moro para mudar a PF, assim como no ano passado já havia substituído os chefes da Receita Federal e do Coaf, os outros dois organismos que ajudaram na descoberta do esquema de rachadinhas no Rio. Agora com os três principais órgãos de investigação mudados, surge um inquérito para apurar oposicionistas. Coincidências existem na vida real, mas não na política.

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